18/09/2003

Escrever...

É, tenho tido muita dificuldade. A constatação de que as bostas depressivas que eu escrevo
tem mais a ver com a merda da depressão do que com capacidade.

Comecei a escrever muito cedo, e com um gosto tremendo pela coisa. Lembro de meus treze anos
de idade, quando deitava no chão do quintal em dias nublados, tapava bem forte os ouvidos e
ficava respirando devagar olhando as nuvens. Privação de sentidos? Sei lá.

Só lembro que depois escrevia, poemas. Poemas em prosa, poemas em verso, daqueles que se escreve de
um fôlego só.

Pura filosofia de um coração vazio, mas uma alma cheia de garranchos que eu não conseguia ler.

Mas porra, isso num moleque de treze anos? Que devia estar jogando bola e fumando escondido?

Acho que nunca vou poder entender o que foi a minha vida. E é isso que eu preciso entender,
entender que não preciso entender porra nenhuma, no máximo entender como funciona a descarga
da privada, pro cheiro não ficar muito forte.

Essa merda de lado racional+filosófico barato, que adora encher a cara pra parecer um
pouquinho normal que seja, porque a bebida é um freio de cabeça que a gente deveria poder
acionar puxando as orelhas e não ter que ficar bebendo de um copo.

Lendo isso parece um desabafo, mas não é, é fluência. Tenho que azeitar de vez em quando as
engrenagens que me levam a caminhos escuros, que quando entro não consigo sair a não ser no
fim, sem olhar para os lados, passando por tuneis escuros revestido de graxa preta.

madness...