23/12/2004

Uma fábula milenar que acabei de inventar!

Adoro a cultura milenar oriental, seja ela chinesa, japonesa ou outra "nesa" qualquer.

A forma como eles inventam "estorinhas" para ilustrar algum grande ensinamento, passado por gerações e gerações me encanta.

A plasticidade do pensamento, a clareza com que é passada a idéia central e/ou moral, facilita o entendimento de todos.

Por isso, vou reproduzir uma fábula milenar desta cultura, que acabei de inventar :

O carvalho e o junco.

Era uma vez um pequeno junco, que chamaremos de junco-filho. Ele estava triste.

Estava triste porque a qualquer brisa que soprasse ele se curvava, como aliás todos os juncos fazem. Porém, o junco filho estava ao lado de um grande carvalho que não dava a menor bola à brisa ou ao vento. Simplesmente deixava suas folhas farfalharem e mantinha-se imóvel.

Devido a sua grande tristeza, o junco-filho fala para o junco-pai :

"Gostaria de ser um carvalho, majestoso, que vence a brisa e o vento..."

O velho e sábio junco-pai, responde, do alto de toda a sua experiência :

"Não queira, junco-filho, ser o que não és. Aceite o fato de serdes o que é. Todas as formas de vida são abençoadas em sua forma e concepção. O grande carvalho pode ser altaneiro vencendo a brisa e o vento, porém não resiste a tempestade. Sua maior fraqueza reside em sua maior virtude, sua própria rigidez. Nós, os juncos, que nos curvamos a brisa e ao vento, somos flexíveis, porém, nossa maior fraqueza também é nossa maior virtude. Nos curvamos ante a brisa e o vento, e também nos curvamos ante a tempestade. E quando a tempestade passar, o carvalho quebrado estará, e nós, juncos flexíveis, voltaremos a nos erguer, para balouçar perante o vento e a brisa."

A partir deste dia, junco-filho, orgulhoso de sua flexibilidade e de seu status de junco, aguardou ansiosamente a tempestade, curvando-se ante vento e brisa, mas orgulhoso de sí.

Um dia o céu se pintou de bronze e a tempestade arrasadoura chegou. Junco-pai e junco-filho, curvando-se ao vento tempestuoso, viam o imponente carvalho a balouçar, ranger e estalar. Junco-pai grita a junco-filho :

"Vê junco-filho, para nós, juncos, não importam vento, brisa ou tempestade. Pela nossa flexibilidade a todos venceremos. Vêde o carvalho a balouçar, ranger e estalar. Em breve, muito breve, ele há de quebrar."

Logo em seguida a estas palavras proferidas por junco-pai, o imponente carvalho range, estalou e quebrou, caindo sobre todos os juncos e matando a todos.

Morais da história :

1) Flexibilidade é desculpa de frouxo.
2) Flexibilidade de cú é rola.
3) Não entendeu? Vá pra casa do carvalho...


PS. Eu sei que é muita cara de pau desaparecer mais de um mês e voltar com um post sem explicações, mas convenhamos, este ficou bom. Fui eu que fiz, viu tio, sozinho...

PS2. Bom Natal? Feliz Ano-Novo? Bah...