26/06/2007

O lirismo da periferia - parte I

Chega de discriminação com aquele amigo que mora em Pirituba. Depois de um período de Uatafóc em coma, resolví voltar propagando a voz das ruas em todo o seu lirismo. É óbvio que tive que alterar um pouco a letra para uma linguagem um pouco mais coloquial para que vocês, meus incultos leitores possa entender alguma coisa.

Nesta primeira parte veremos a poesia por trás da música "O Quinto Vigia" do poeta NDee Naldinho.


O quinto elemento do grupo de seguranças

São vinte e duas horas e vou partir, o novo dia, lépido, se aproxima.
É o típico planejamento que me agrada e eu estou de acordo, com oito cavalheiros e três damas co-associados.

A empresa ao labor se lança, à azáfama, ao prógono, objetivando uma instituição financeira. Banco Brasileiro de Descontos, Hongkong and Shanghai Banking Corporation ou Banco Itaú S/A. Como tudo está alinhado, confirmo minha participação.
Ao romper da aurora me vejo desperto e atento e as damas associadas também se encontram de atalaia.

Contataram-me através de missiva eletrônica em meu aparelho de telefonia móvel, criptografada óbvio para não assarapolhar.

Livrei o logradouro ao alvorecer de modo furtivo, acerquei o ponto de encontro saudando os cavalheiros.

Sorví um infusão de grãos de café e inalei algo similar ao tabaco com intenção de abrandar a ansiedade.

Guardei o tempo ao lado de meus co-associados aguardando o momento oportuno e decisivo. Meus associados trajavam vestes anti-balísticas e eu utilizei-me de uma caraça cor de ébano, ocultando minha face.

Deixamos a região austral em eixo rumo à zona boreal, com destino à avenida Guilherme Cotching,

A cada via expressa a inquietude nos acossa, repetidamente diviso numerosas viaturas de policiamento, um Volkswagen Gol modelo GTI Anil com cinco ocupantes exala uma aura de conjecturas de culpabilidade, assim distinguo meus associados à partir de meu veículo, um chevrolet Monza negro.

Meretriz que deu à luz, vejo oficiais de polícia ao largo, se vierem ao nosso encontro teremos um entrevero com desfecho pouco feliz, visto que portamos grande gama de ítens baseados em armas de fogo, a despeito desta situação seguimos nosso caminho.

Aviso meu associado que me ladeia que a situação tende a se normalizar visto que os policiais tinham seguido outro rumo que não o nosso. O correto é manter-se de atalaia, conveniente é manter-se arguto.

Refrão:

PRUAPÁ PÁ PÁ Ao Larápio não convém titubear
PRUAPÁ HÃ HÃ PÁ PÁ PÁ PÁ


Tomo para mim uma pausa, pondero, raciocíno, antevendo uma probabilidade de malogro,
porém o temor não causa comoção e não me abarca, mesmo que cause um abanão eu prossigo meu caminho.

A temeridade paulistana não repudia, o temor é incessante mas um larápio não sucumbe visto que a existência é psicótica. Trata-se de roubo, Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa, porém executado de formar consciênte. E sigo procedendo a distribuição de carregadores de munição.

Três damas e os cavalheiros vão adentrar o recinto da instituição financeira com o intuito de observar o ambiente. A caixa-forte possui um dispositivo de abertura ligado a um cronógrafo porém o gerente-responsável não segue as medidas de
segurança, isto é de nosso conhecimento. Nenhum dos ocupantes do recinto irá ensejar uma reação contrária ao rumo das ações já que nenhum dos mesmos apresenta histórico de deficiência mental. Mesmo porque se o fizerem serão alvos de projéteis balísticos disparados por nossas armas de fogo. Não prevemos nenhuma reação frutífera por parte dos seguranças contratados e prevemos que os mesmo assumirão posição de prece.

Às onze horas e quinze minutos da manhã tudo aparenta calma e normalidade. Neste momento entramos no clímax cronológico e um associado avisa que o prelúdio se aproxima.

Às onze horas e dezessete minutos da manhã, com todos os fatores propícios iniciamos a ação.

Como impecilhos nos deparamos um equipamento de detecção de objetos metálicos interligado à porta de acesso que pode impedir o acesso de pessoa armada além é claro de um circuito interno de vigilância por câmeras. Isso é mal.

Apesar destes fatores temos que ser lépidos evitando desta forma a chegada à tempo do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos.

Refrão:

PRUAPÁ PÁ PÁ Ao Larápio não convém titubear
PRUAPÁ HÃ HÃ PÁ PÁ PÁ PÁ



Como em uma ignição de carga explosiva os associados adentraram o recinto, no caso, a instituição financeira Banco do Brasil S/A. Caso alguém aja de forma atabalhoada será enviado à residência do pênis. Apesar da contagem imprecisa percebemos uma equipe de seguranças equipada com revólveres com munição 0.38.

No local, todos os presentes apresentavam sintomas de pânico porém eu e meus associados mantemos o controle da situação dentro de razoável normalidade. Avisamos aos presentes que não tinhamos a intenção de alvejá-los, porém, por um curto período de tempo, todos os presentes ficariam sem direito à liberdade de ir e vir.

Quatro dos associados vão subtraindo todos os valores em moeda corrente enquanto outros três ameaçam os presentes sob mira de arma de fogo. Eu, de minha parte, subtraí o armamento de quatro dos membros da equipe de segurança porém não
divisei um destes membros que se mantinha oculto.

Um transeunte em forma de um grande ânus ao passar defronte a instituição bancária achou pouco usual o que viu. Se locomoveu apressadamente em direção a uma viatura policial. Achamos por bem evadirmos do local com o objetivo de não sermos capturados
por orgão policial.

Com pequenas bolsas de tecido com o fruto do roubo em nosso poder e sem nenhum problema aparente nos dirigimos para fora do local porém o membro da equipe de segurança que se mantinha oculto utilizou sua arma de fogo contra mim, me atingindo no lado posterior do meu tronco. Com a dor do impacto não me mantive sustentado e fui ao chão.

Meus associados, em vingança, alvejaram o membro da equipe de segurança e seguimos em frente. Amparado pelos meus associados vamos embora da instituição. Um aracnídeo lépido conduz o Volkswagen Gol modelo GTI anil em alta velocidade, perseguido por
diversos veiculos automotores da força policial, que pretendem nos deter porém, vamos em velocidade alta, além dos limites legais, objetivando chegar as áreas mais afastadas do município.

Chego ao departamento de Pronto Atendimento de Emergência de um centro de saúde porém meu quadro de saúde se deteriora rapidamente. Aparentemente meu tempo é findo. Vim a óbito.

Refrão:

PRUAPÁ PÁ PÁ Ao Larápio não convém titubear
PRUAPÁ HÃ HÃ PÁ PÁ PÁ PÁ



Se vc quiser ver a poesia original, muna-se de um bom dicionário e tente entendê-la aqui, seu inculto