30/03/2006

Tratado sobre o trabalho -Parte I

Vou discorrer hoje sobre outra certeza da vida, o trabalho. Se você é um ser humano normal, crescidinho e não é uma daquelas excessões, que confirmam a regra, que vive de renda, herança ou da fortuna do papai, você trabalha.

Ah o trabalho, suar para conquistar o pão. O trabalho é a coisa mais anti-natural que a humanidade já inventou. Quando éramos nada mais do animais bípedes e com um cérebro um pouquinho mais avantajado que as outras espécies o trabalho nada mais era do que encher a barriga. Caçava-se um mamute aqui, procurava-se umas frutinhas alí, mandava o rango pra dentro e o resto do tempo era dedicado ao ócio criativo, pintando uma paredinha de caverna, dando um arrocho numa pitchula que deu mole, dormindo, perpetuando a espécie.

Tudo andava bem até que um maldito catou um pedaço de osso, um pouquinho de cipó, umas pedrinhas coloridas, fez um colar, deu pruma pitchula mais arredia e pronto, estava inventado o dinheiro. As outras pitchulas ficaram morrendo de inveja daquela coisa linda, que valorizava o colo, "deixava os ombros enormes parecendo delicados, combinava exatamente com os olhos, deixava o percoço longo e delicado como o da Audrey Hepburn" (sorry Gabs, precisava plagiar). Pronto, as pitchas cruzaram as pernas e o maior divertimento dos momentos de ócio acabara. Todas queriam um bagulho daqueles.

Logo, todos os caras tentaram fazer bagulhos iguais e descobriram que nem todos tinham o talento necessário pra fazer as bagaças ficarem do gosto das madamas. Pediram pros que tinham talento mas os caras não davam conta de fazer pra todo mundo e os que não tinham talento tiveram que começar a fazer favores, trazer um pernil de mamute, cestas de frutas pra "comprar" os badulaques.

Como pitchula boa não se contenta com pouco, dar um bagulho apenas uma vez não fazia as pernas descruzarem de vez. Era preciso um fornecimento continuo de baboseiras e, logo, os caras estavam o dia inteiro caçando, pescando e coletando só pra poder arrumar os troços e trocá-los por uma bimbadinha esperta à noite.

E as pitchulas que não eram, digamos, cobiçadas, mas que tinham inveja das posses das outras pitchulas tb começaram a ralar pra poder adquirir os balangandãs.

Pronto, assim começou o inferno!

Continua...

28/03/2006

Post em Imagens.

Idéias = 0%, Plágio = 100%.

Ví um post no Marco Aurélio e vou copiar :-)

Name


Last Name


Name of a pet:
As duas...



How old you are:


The place you lost virginity:


A bad habit of yours:


Your favorite fruit or vegetable:


Your favorite food:


Your favorite drink:


Your favorite animal:


Your favorite color:


Favorite place:


Favorite band:


A movie:


Your fashion:


Your mood:


Happiness is:


Love is:


Your world is:

27/03/2006

To kill a black cat - O sol é para todos. Parte II

Dadas as insistentes sugestões dO (hahaha) Imperador em como exterminar o gato preto dosinfernos e depois da desopilação maravilhosa que ocorreu sábado em companhia do próprio, Lelê Macedo e Ricardo Silveira e, sinceramente, sem a menor influência das 7 doses de wiskye que tomei, o plano abaixo se materializou na minha mente.

To kill a black cat - O sol é para todos. Parte I

Nota do Autor: A missiva abaixo foi elaborada pelO (hahahah) Imperador em resposta ao apelo do post anterior, ou seja, que solução dar ao problema do gato preto dosinfernos

Como é notório, há uma guerra declarada na Vila Ipojuca. Não é Fria, nem Santa e provavelmente durará mais do que Cem Anos. É a rivalidade eterna entre Junior e o Gato Preto.

Pactos já foram estabelecidos, a OTAN já foi consultada. A ONU ficou em cima do muro e, como sabemos, em cima do muro é território felino. Cansado de esperar que os órgãos mundiais dessem atenção a seu problema, Junior, espécie de Ruanda com pernas, dado o tratamento concedido pelas insituições, resolveu agir por conta própria e, após muita consulta, delegou a este a elaboração de maneiras eficazes para dirimir de vez com o conflito que a tantos traz desgraças.

[fade emotivo on]

O pobre Elefefante Branco, presente único e inestimável, estava como sempre ao lado de Camus, Dostoiévski, Wolfe e outros. Habitat natural da espécie, de repente viu que em seu território chega o predador, pronto para os mais sórdidos atos movidos pelo ódio. Sem pestanejar, o Gato Preto, aqui como algoz, dilacera o pobre Elefante Branco, deixando não mais do que vestígios de uma vida até então bela e feliz ao lado dos romancistas russos e afins.

[fade emotivo off]

1 - a técnica do salmão
Eficaz arma encontrada em alguns lagos do mundo, o salmão foi o grande responsável pela campanha de Alexandre Magno quando da conquista de quase toda a Europa. Com o armamento em mãos (com porte, uma vez que não fomentamos o uso de armas de origem ilícita), Junior deve ficar de tocaia para atirar no bichano com sua AK-47 de chumbinho. Caso apareça um urso para degustar do prato, compre uma AK de verdade. Se o urso for polar, pare de beber e vá dormir.

2 - o pão com manteiga
Apesar de um pouco mais elaborada, essa talvez seja a melhor das técnicas. Em primeiro lugar, construa um bunker e abrigue todos os seus valiosos bens (menos o Elefante Branco, que jaz vítima do Sórdido Felino). Após a construção do bunker, faça uma armadilha para o gato, de modo que você consiga amarra em suas costas um pão com manteiga (marca qualquer, pois este blog e este consultor não fazem merchandising). Em seguida, jogue o gato de uma altura de cerca de 200 m, espaço suficiente para que a\ção gravitacional do gato e do pão com manteiga crie uma fissão nuclear equivalente à 3265215 kilotons, o suficiente para destruir Vila Ipojuca, Lapa, Freguesia do Ó e Pirituba. Lembre-se de correr para o bunker.

3 - a "gatoeira"
Leonor Macedo, grande estrategista, deu a brilhante idéia da "gatoeira". É importante lembrar que não se pode usar salmão na "gatoeira", uma vez que não se trata de uma "ursoeira", e bem sabemos quais os riscos resultantes do aparecimento de um urso, ainda mais se for polar. Pois bem, coloque um elemento que chame atenção do gato na "gatoeira", como, por exemplo, uma réplica do Elefante Branco. Aguarde até que o bichano apareça e corra para o abraço.

4 - método Jack Bauer
Arrume cinco cachorros. Coloque todos em posições estratégicas na sala e prepare uma tocaia para o gato. Quando o bichano aparecer, chute a cadeira, aponte a arma e grite para os cahorros: "Now, now, NOW!". Em cinco minutos, seus problemas acabarão.

5 - Terrorismo
Sequestre um avião da Lufthansa com cerca de 500 gatos a bordo e apareça em rede internacional dizendo que, caso o Gato Preto não se renda, um gato, amarrado a um pão com manteiga, será jogado do avião a cada cinco minutos. Diga a ele que você tem mais três embaixadas felinas sobre o comando de terroristas prontos para explodi-las a qualquer momento. Não se esqueça de dizer que você não tolera atos de heroismo além da clássica "eu não gosto de engraçadinhos".

Atenciosamente.

Júlio César - Assessor Para Assuntos Internos, Guerras, Genocídios, Ditaduras e Afins.

24/03/2006

O dilema do gato preto.

Sim, esse assunto está se tornando um dilema. Não sei o que fazer com o filhodeumaquengarampeiraderua. Vamos aos fatos:

. Ele me dá um baile em tentativas minhas de agressão, tiros, tocaias, chamadas na chincha.

. O cara até que é bonitão. Na terça a noite ficamos cara a cara.

. Não Gabs. Ele não tá apaixonado pelas minhas gatas. Elas não tem cio nem soltam feromônios.

. Ele não é sociável. Impossível chegar perto, agradar, socializar. Um sociopata, vejam vocês. Arisco que só uma porra, daqueles que meio "prensados" num canto urram, arrepiam e avançam.

. Depois de ver esse vídeo cheguei a conclusão que gatos são imortais.

Não sei mais o que fazer. Quero paz e daqui a pouco a Ingrid vai se pegar pra valer com ele e vai sair machucada, não quero isso.

Ele quebrou meu elefante! MEU ELEFANTE!

Idéias CONCRETAS, please...

23/03/2006

Por que eles podem me chamar de Deus

Porque conheço a solidão de saber tudo, estar em todos os lugares mas ver tudo de longe.

Porque apesar de saberem da minha existência os crédulos insistem em colocar palavras na minha boca, saberem meus desejos e meus desígnios apesar de nunca terem ouvido uma só palavra minha. Não tenho direitos sobre mim.

Acaba-se o mistério e ninguém ganha o doce. Eu sei, é uma merda, mas o suspense é legal. Tava em russo, by the way.

21/03/2006

Desconfiança.

Você começa a desconfiar que existe um complô contra a sua pessoa quando:

* Todas as pessoas a sua volta ignoram suas palavras, fingindo não entendê-las apenas para te irritar.

* Seus colegas de trabalho pisam na bola repetidamente e fazem birrinhas quando você chama na chincha.

* Suas gatas fogem do seu carinho.

* Amigos antigos tomam o partido de pessoas que vc odeia e que elas nem conhecem, pra depois brincar com a situação e se falarem bem intencionadas.

* Sua empregada falta na segunda-feira quando a cozinha tá entupida de louça suja e a casa pedindo desesperadamente uma faxina. Ah, e não avisa.

* Marcam eventos para a sua agenda no interior, de um trabalho sacal que vc não está afim de fazer e te avisam com apenas 1 dia de antecedência.

* Pessoas perdem o simancol e te perseguem, mesmo sabendo que não vão ter retorno.

* Sua barriga olha pra vc de manhã e gargalha na tua cara, te chamando de otário.

* Vc praticamente tem 4 derrames de nervoso pra agilizar uma resolução de problema num cliente, que deveria ter sido feita por outro cara e, quando vc finalmente consegue as diretrizes pra resolução esse outro cara avisa que não vai poder implementá-las porque nesse dia tem que sair as 15:00 horas pra ir ao médico e portanto tanto faz como tanto fez todo o nervoso que você passou.

* Você ainda consegue se irritar vendo a estupidez humana ser despida quando lê "A Revolução dos Bichos".

* Você não acerta a quina da mega-sena (nem tou falando da sena) pra ganhar 17 contos e poder fazer uma BELA viagem de férias.

* Apesar do cara sair as 15:00 você vai ter que ficar até as 20:00 por causa do rodízio.

* Descobrir que a grande paixão da sua juventude tá bem, feliz e casada (aquela vaca).

* Mal humor ser uma constante e nem as piadinhas comuns você consegue fazer.

Post de ontem.

Ele é real, não é um monte de caracteres soltos. Se alguém conseguir desvendar ganha uma daquelas chupetas de caramelo. Sabe aquelas vermelhas, que vinham num saquinho plástico? (se é que ainda existem).

20/03/2006

Почемуониназываютменябогом?

Посколькуя - одинокийчеловек. Я неимеюникого,
никто, чтобыпонятьменя, ия трахаюсьутомленныйоб этом. Всеэти людиуверили, чтоони могут,видел, как япозволяю,чтобы жить. Ноникто неможет идтимоейстороной.Гребанаяжизнь!

17/03/2006

Um Monte!

* Ontem o gato preto voltou. Quatro horas da manhã. Briga estúpida na sala. Não rolaram tiros. Mas ele fez o que nenhum ser, humano, animal ou sobrenatural poderia fazer de forma impune. Ele quebrou meu elefante. Agora é guerra...

* Essa semana me fez ver que nesse ritmo não duro muito. Ontem, ao chegar em casa quase as 22:00 cheguei a conclusão que só estou trabalhando e dormindo. Tou até gripado, mas não é gripe, é cansaço.

* Nada de novo, engraçado, chato, piegas ou besta anda ocorrendo. Estou preocupado.

* Preciso comprar um esteira. Sem companhia pra caminhada de 1 hora diária que o médico mandou vai morrer como uma ordem não cumprida. Vou ver se esse final de semana invisto nisso. Espero que não vire cabide.

* Voltei a dieta, mas ainda tou tomando umas ou outras (ou pelo menos querendo tomar). Vou levar mais light.

* Ontem finalizei uma das histórias começadas e inacabadas que existem aqui no Uatafóc. Mas foi de forma privativa e sob ameaças. Ou seja, a história de como perdí minha virgindade não tem a menor chance de se tornar pública :-P

* A quem perguntou: A equação das mulheres que está abaixo na realidade é uma equação pra cálculo de dispersão de energia num foguete de combustível líquido. Nada mais apropriado (se bem que a que definine a mecânica de fluidos sob alta pressão na região transônica seria mais apropriada.)

* A quem perguntou 2: Homem tb dá xilique sim, mas sempre de forma óbvia, lógica, previsível e chata.

* Bah, texto horrível esse de hoje. Mas foda-se, é o que dá pra fazer.

16/03/2006

Manual para entender os homens.

Em conversa com uma leitora sobre como entender os homens acabei gerando esse post de hoje. Ele na realidade não é um "Tratado", como os que costumo postar por aqui, mesmo porque não pretendo demonstrar nenhum conhecimento técnico a respeito desse assunto asqueroso que é "Homens". Se fosse falar de mulheres, ainda vai. Na realidade o que pretendo descrever é apenas as minhas impressões a meu próprio respeito e as mulheres, tentando traduzir todas as dúvidas que elas já tiveram a meu respeito em "relacionamentos" passados. Creio que sou um bom exemplo portanto pode-se fazer uma leve generalização para os outros caras que andam aí pelo mundo.

Bem, a primeira queixa das mulheres é que elas não consegue entender os homens. Além de ser um plágio evidente do fato de nós não as entendermos é um sentimento confuso, visto que as mulheres, mesmo quando entendem algo óbvio e primário, fazem questão de tentar complicar a situação procurando infinitos "e se?" na questão, gerando um ciclo vicioso que nunca se encerra.

Vamos usar um exemplo:

1+1=2


Fácil né? Fácil, lógico e óbvio. Pois bem, assim são os homens.

Quando vc está na mais tenra idade e aprende a dificílima equação acima vc a toma como uma verdade inabalável e ponto. Pois bem, assim vc deve considerar os homens. Mas não, as mulheres gostam de complicar. Traçando um paralelo, assim elas questionariam a equação:

* Mas o primeiro 1 é igual ao segundo?

* O segundo 1 não se sente magoado por vir em segundo lugar na relação?

* O 2 está feliz de ser o resultado dessa relação obviamente favorável ao primeiro 1 e lógico, uma relação onde não prepondera o respeito e a igualdade.

* Porque somar? Porque? Não podemos dividir?

* Óum, que lindo, ela deu a luz.

* Será que o 1 vai ser um bom pai? Não vou querer cuidar sozinha do 2, afinal tenho que me dividir entre o trabalho, as tarefas de casa, será que ele está pensando que sou escrava dele.

Viram? Simples assim. Portanto meninas, quando vocês virem uma equação (homem) como essa é simples. Aceitem. Não questionem. É assim que nós somos. Óbvios, lógicos, chatos e previsíveis.

Por isso amamos vocês, suas lindas :

14/03/2006

Paraty.
ou ainda: Esquizofrenia em doses homeopáticas II.

Era madrugada de terça-feira, 3:30 da madrugada e ele caminhava devagar pelas pedras irregulares de uma rua no centro velho, lá pros lados da ponta do cais onde a cidade era mais decadente e não tinha tantas lojas, pousadas ou restaurantes.

Arrastava uma lata amarrada em um barbante e caminhava devagar, tentando ignorar todos os sinais que remetessem ao século XXI. Não estava fazendo uma boçal viagem ao passado. Ouvir os ecos da lata batendo nas pedras e ver-se num ambiente de país colonial não era a tradução do conceito "sentir-se em outra época". O que ele procurava era simplesmente se sentir estranho. Estranho ao lugar, estranho a época, estranho a sí mesmo.

Não era possível ser estranho a sí mesmo em São Paulo. É impossível estar sozinho em São Paulo. São Paulo é um lugar de iguais, todos são iguais em suas imperfeições e em sua idiotice. Lá em Paraty ele tentava sentir-se estranho. Se odiava, com todo o ardor. A idéia de ter que conviver consigo próprio pelo resto da vida o entediava. Nesses poucos momentos ele se sentia um estranho e até conseguia sentir algum apreço por sí próprio. Aquele sentimento bobo de conhecer alguém e encontrar algum conforto na novidade de uma outra personalidade.

Chegando até a ponta do cais ele teve que fazer a volta. As lanchas modernas e a maior iluminação estragavam o clima. Ele podia até ignorar as lâmpadas elétricas do caminho mas na ponta do cais a lata não fazia mais eco e o ambiente não tinha mais aquela atmosfera opressiva das vielas mais escuras. Ele queria isso, opressão. Fez a volta pra refazer o mesmo caminho e acabou vendo ela.

Ele caminhou em sua direção, não, melhor, ele seguiu seu próprio caminho mas seu caminho o levava em direção a ela. Por um momento ele pensou tê-la visto em trajes de época, mas ela vestia um jeans, tênis e camiseta escrita "Lembrança de Paraty". Puxava pela mão esquerda um barbante amarrado em uma lata, da mesma forma que ele.

Cruzaram-se e não se olharam. Não se falaram. No passo seguinte as latas se tocaram, trocando o som de metal em pedra por metal em metal. O encanto foi embora. Ele largou seu barbante, sua lata e caminhou pra pousada, sem olhar pra trás. Não conseguiria mais se sentir estranho nessa noite. Nem estranho, nem sozinho, nem oprimido. Era forçado a ser igual, um tédio, um tédio.

Se tivesse olhado pra trás viria ela sumir. Bem, sumir não é o termo, porque ela nunca existiu. Existiam agora apenas duas latas amarradas em barbante, uma largada minutos atrás, outra deixada na noite anterior.

Quem era ela? A prova de que ninguém consegue fugir de sí próprio.

13/03/2006

Esquizofrenia em doses homeopáticas

Começa com um furo de tanto trabalhar mas embasado numa dúvida cruel que vai de encontro a questão de metas prum futuro próximo onde se tem que levar em conta que tem que virar hominho e deixar de ser adolescente mas porra não sei se devia ter furado mas a culpa foi do trabalho e chegar tarde em casa mas quem sabe hoje não faço a merda e foda-se bóra ser adolescente pro resto da vida que esse negócio de meta que tem gente que ouve e confunde com merda não é pra mim mas ninguém que ouça merda quando eu falo meta pode ser levado a sério porque me conhece e sabe que eu jamais falaria uma coisa dessas mas sabe isso foi só o começo de uma coisa que ficaria pior ainda porque depois do começo veio um dia de merda que fiquei bundando sem fazer nada do que devia além de descobrir que metí chifre num cara porque peguei a mulher dele que nem sabia que estava casada mas isso faz tempo nesse meio tempo depois do começo eu só descobri por acaso daí meio atordoado dei a mão a palmatória e resolví arriscar pra ver o que dava na maior das boas intenções pensando que podia ir de encontro a meta mas já sabendo que não ia então eu fui pra meter as caras mesmo e graças ao volume inconcebível de chope que tomei achei que ia ser interessante e no fundo foi uma merda mas depois fiquei tomando banho de piscina sozinho vendo o céu noturno encoberto de São Paulo e o frio em contraste com a piscina aquecida acabou valendo so duzentão porque afinal tem que se enxergar o lado bom das coisas que tirando isso não tinha mais nada que se aproveitasse e eu sou muito idiota de não aprender com meus erros porque de novo e de novo eu falo porra que merda que eu fiz mas foda-se porque teve o banho de piscina e no final cheguei em casa pra tomar um puta café da manhã e assistir a corrida que foi uma merda e cochilei depois que o Massa caiu pra último e acordei no final pra cochilar um pouco até o meio-dia e acordar todo torto porque ressaca quando você vai dormir com o dia claro é uma merda e fazer almoço mas daí foi engraçado porque pude zoar pra cacete um corinthiano que assistiu o jogo comigo e ficou puto porque adivinhei o placar antes do jogo começar e adivinhei que o pênalti não ia entrar e falei que o técnico ia cair com uns dois meses de antecedência mas mesmo assim curei a ressaca tomando cerveja e fui prum bar escuro com gente esquisita que eu já sabia que ia estar lá pra assistir um show de heavy com um monte de cabeludo na plateia e eu de cinza me arrependendo de não ter ido com a camiseta laranja dos Simpsons porque tinha um adesivo no espelho do bar escrito flaming moe's que era o mesmo da minha camiseta mas não tem problema porque já fui cabeludo mas descobri que não tenho mais 14 anos, nem 24 nem 34 e tou meio velho demais pra essa barulheira mas porra o moleque toca pra caralho e é um puta baterista e isso valeu o show mesmo tomando wisky falsificado e sabendo que ia acordar com dor de cabeça hoje de novo mas no fundo foi estranho mas bem legal tirando as merdas que aconteceram antes do banho de piscina em que não passei frio mas bem perto do final tive um contato meio frio que me deixou um pouco chateado mas tenho que aprender que as coisas são assim mesmo e seguir em frente porque não dá pra parar a vida toda a vez que eu vejo uma placa interessante porque a gente tem sempre que caminhar então podemos quem sabe voltar ao começo sem furo dessa vez porque senão vou viver numa eterna dúvida mas não sei ainda só sei que por hoje é só pessoal.

10/03/2006

Desculpas II.

Desculpas agora pra vc moçada que lê o Uatafóc. Chega dessa cruzada chata e infrutífera. Eu juro que esse foi o último. Agora voltamos a programação normal...

Desculpas.

São Paulo, 10 de Março de 2006

Caro senhor Stédile.

Antes de mais nada, desculpe-me, sou eu de novo. Estou escrevendo essa nova carta pra pedir sinceras desculpas. Sabe o que é seo Stédile, não resistí. Ontem eu trabalhei de novo. Das nove da manhã as nove da noite, sem parar pra almoçar. Desculpe-me seo Stédile. Acho que é a força do hábito. Eu trabalho desde os 7 anos de idade seo Stédile, tou com 35. Acho que vai ser difícil perder esse hábito pernicioso.

E pra piorar seo Stédile, me desculpe por favor, trabalhei numa multinacional seo Stédile. Trabalhei com o inimigo. Uma empresa, veja o senhor, de capital estrangeiro. Tá certo que ela é toda administrada, na operação aqui no Brasil seo Stédile, apenas por brasileiros. Todos os funcionários também são brasileiros seo Stédile. Esse inimigo é muito astuto, tentando enganar a gente.

Sabe o que essa empresa faz seo Stédile? Ela vende projetos pra outras multinacionais. O senhor está enxergando como eu a teia montada? Veja só, ela vende projetos pra multinacionais comprando material nacional pra ser usado aqui no Brasil, ou seja, além dos empregos que ela cria diretamente, ela também dá emprego pros fornecedores nacionais dela, seo Stédile. Me desculpe por isso.

E o pior seo Stédile, é que a matriz não tirou um centavo sequer da operação do Brasil. Na realidade, nos 8 anos que está empresa está no Brasil, a matriz só colocou dinheiro aqui seo Stédile. Isso é muito estranho, com certeza é algum golpe que eles querem aplicar. Me desculpe seo Stédile por ceder a tentação de trabalhar com o inimigo.

Mas o motivo dessa missiva seo Stédile não é comentar esses negócios do inimigo. É me desculpar por ainda compactuar com ele.

Ontem, depois dessas 12 horas de trabalho seo Stédile cheguei em casa e fiz a mesma coisa que antes de ontem. Engolí alguma coisa e fui ver tv seo Stédile. E eu ví as companheiras que detonaram o laboratório seo Stédile. Bonito né? Ver elas rindo, falando do "medinho que deu" quando sairam do ônibus, mas que depois foi uma beleza de destruição. Fiquei emocionado seo Stédile, emocionado. Sabe seo Stédile, existem diversas emoções. Eu tive uma delas, por isso falei emocionado. Mas não vamos entrar nos detalhes. Nós que estamos na luta não podemos perder tempo.

Depois seo Stédile eu ví senhor dando entrevista, falando que se orgulha das companheiras que fizeram aquele "ato" pra chamar atenção da sociedade seo Stédile. Nossa seo Stédile, fiquei na dúvida. Será que chamou atenção? E se chamou, chamou pra quê seo Stédile? Essa parte eu não entendí.

Sabe seo Stédile, desculpe mas acho que tenho que lhe alertar de uma coisa. Não que seja alguma coisa séria seo Stédile, afinal a gente tá no Brasil então o que vou falar é bobagem. O senhor me desculpa, mas acho que o senhor tem que ter cuidado ao dizer o que disse ontem. Tem um malandro por aí chamado Marcelo D2, que tinha uma banda chamada Planet Hemp seo Stédile. Eu sei, desculpa citar um malandro desses que tem até o nome de banda "multinacional" seo Stédile. Bom, eles gravavam músicas falando da "erva danada" seo Stédile. Sei que o senhora sabe do que estou falando. Um dia, um juiz querendo fazer auto-promoção acabou prendendo ele dizendo que ele fazia apologia às drogas seo Stédile. Sabe, o senhor me desculpe, eu sei que não é o seo caso, mas no Brasil, fazer apologia às coisas ruins é considerado crime seo Stédile. Dá que aparece um juiz querendo fama e prende o senhor por apologia à, sei lá, ele vai inventar que é baderna, crime, destruição de patrimônio, ato terrorista. É tanta coisa que esse juiz poderia "inventar" seo Stédile. Dizer que o senhor faz apologia. Me desculpe seo Stédile, sei que isso não vai acontecer, afinal é o Brasil né? Só me resta pedir desculpas...

09/03/2006

Vergonha.

São Paulo, 9 de Março de 2006

Caro senhor Stédile.

Ontem, depois de um dia cansativo de trabalho onde dirigí mais de 300 km e trabalhei mais de 12 horas cheguei em casa tarde da noite e depois de engolir alguma coisa que serviu de café da manhã, almoço e jantar, fui tentar relaxar um pouco diante da TV antes de dormir. Ví a notícia de que um Grupo pertencente ao MST havia invadido e destruído totalmente um centro de pesquisas da Aracruz Celulose no Rio Grande do Sul.

Sabe seo Stédile, eu fiquei bem incomodado com a notícia. Uma das coisas que mais me chateou nas cenas que ví, como as estufas totalmente destruídas, o laboratório quebrado, foram as sementes de um estudo de melhoria genética, todas destruídas e misturadas. Sabe seo Stédile, eu fiquei com vergonha da pesquisadora que chorou na tv quando viu o resultado do protesto. Vinte kilos de sementes separadas em pequenos envelopes e catalogadas ao longo de vinte anos, seo Stédile. Pode uma coisa dessas? Será que a pesquisadora não tem vergonha de chorar ao ver vinte anos de trabalho, uma vida, ser destruido? Ela não sabe que a vida de um deve dar lugar ao "bem comum" que o senhor prega?

Essa tal de Aracruz tem mesmo que penar, né seo Stédile? Além de ter o prejuízo financeiro das instalações destruídas tem que perder mesmo esse trabalho de criação de tecnologia genética pra plantar árvores com maior índice de celulose e mais precoces, ou seja, que produzam mais rápido. Afinal, é uma vergonha tentar criar essa tecnologia. Tem mais é que comprar sementes de fora, que já tenham essa tecnologia, pagando os royalties. É uma vergonha, não podemos perder tempo com isso com tantas coisas mais importantes. Pode ser que o custo desses royalties faça algumas pessoas perder o emprego em curto prazo né? Mas é o preço, né seo Stédile?

Aliás seo Stédile, como o senhor mesmo diz, fazenda tem que produzir alimentos, não árvores, né? Afinal, árvores são usadas principalmente (mas não só) para produzir papel. E papel é usado pra produzir livros e cadernos. Eu tenho vergonha de morar num país que se preocupe com isso seo Stédile. Afinal, pra que precisamos de livros, pra que cadernos pra nossas crianças estudarem se todos pudermos ter um rocinha de feijão né? É uma vergonha, seo Stédile, uma vergonha.

E se todos pudermos ter uma rocinha de feijão, o que importa se essa tal de Aracruz deixar de existir. Todas as centenas (desculpe, milhares) de empregos que ela gera direta e indiretamente não precisarão mais existir, né? Ou seja, é sempre uns poucos sofrendo para o bem de muitos.

Sabe seo Stédile, eu venho de família humilde. Passei bastante fome quando era criança. É uma pena que meu pai não fosse de área rural e sim da cidade, senão eu já nasceria com uma profissão, seria um agricultor sem terra e estaria acima da lei. Mas não, é uma vergonha, ele era da cidade. Então eu tive que trabalhar muito seo Stédile, muito mesmo, pra ter uma profissão, sabe? Aliás, qual a sua profissão seo Stédile? Como o senhor ganha o sustento da sua família? Como o senhor faz pra ir pra Brasília e outros cantos do Brasil? Sabe, eu não entendo. Uma passagem São Paulo - Brasília - São Paulo, sem custos de alimentação e hospedagem não sai por menos de R$ 700,00. Sabe seo Stédile, eu tenho vergonha de não conseguir ir pra Brasília quando eu quero, não tenho esse dinheiro sobrando. Será que o senhor é patrocinado? Eu tenho vergonha de nunca ter tido a capacidade ser patrocinado em nada.

Mas voltando seo Stédile, depois de mostrar as cenas do "protesto" a televisão mostrou o senhor falando. Entre outras coisas o senhor falou que o inimigo não é mais o latifundiário tradicional.

Poxa, hoje eu tenho 35 anos de idade e trabalho na mesma empresa a mais de 20 anos seo Stédile. Essa empresa quase faliu a muitos anos atrás e, se o meu chefe não tivesse investido tudo o que tinha e o que não tinha, até sua própria dignidade e nome numa fazenda de café que o pai dele tinha e que não estava produzindo, ele não teria ganho o dinheiro necessário para empregar todas as pessoas que ele emprega na fazenda e salvar a pequena empresa onde trabalho. Ela é pequena mesmo, tem 30 funcionários. Mas hoje quando contratamos um novo funcionário, ele entra ganhando três vezes mais o que eu ganhava quando entrei, com a mesma idade que eu tinha. Sim seo Stédile, nós contratamos novos funcionários sempre que possível, é uma vergonha, uma vergonha. Tudo graças a um latifúndio. Não é pra se envergonhar seo Stédile?

O senhor disse que agora o inimigo é o capital externo das empresas transnacionais seo Stédile. Poxa, fiquei orgulhoso, o senhor mostrou que está atualizado em relação aos termos de mercado. Eu tenho vergonha, ainda não estou tão atualizado, ainda chamo essas empresas de multinacionais seo Stédile. Veja só se não é motivo de vergonha. Na minha cabeça seo Stédile, uma empresa transnacional é aquela que muda de país.

Sabe, acho que o senhor está certo. Deveríamos abolir todos os inimigos, todas estas empresas multinacionais seo Stédile. A culpa é toda delas. É uma vergonha. Deveriam todas ir embora daqui, todas as montadoras de veículos, todas as grandes indústrias. Opa, estou indo além? Me desculpe seo Stédile. E se o senhor falou só das empresas da área rural ou ligadas na mesma linha de produção? Todas as industrias alimentícias, de fertilizantes, as que compram e vendem do setor rural? Vergonha né? Elas deviam ir embora. Elas deviam fechar as portas e acabar com os empregos de 60% da população brasileira, né seo Stédile, afinal elas são os inimigos e todos nós teríamos uma rocinha de feijão.

Sabe seo Stédile, tenho que confessar, morrendo de vergonha. Eu me aliei ao inimigo seo Stédile. Antes eu prestava serviço principalmente ao que se chama hoje agronegócio. Ainda tenho alguns clientes assim seo Stédile. Também tenho outros clientes, a maioria multinacionais, de todos os setores. Sabe seo Stédile, eu devo ter vergonha mesmo, afinal eu tiro o meu sustento e dignidade trabalhando, como gostam de dizer as pessoas do campo, de sol a sol para o inimigo. Aliás, de sol a sol e além seo Stédile. Tudo isso pra um dia poder construir uma família digna seo Stédile e fazer o possível pra pagar meus impostos e ser alguém de bem. Tentar fazer um pouco pela sociedade como sempre tentei seo Stédile, seja empregando, seja auxiliando os necessitados, os amigos. É uma vergonha seo Stédile, eu nunca quis salvar o mundo inteiro. Pode uma coisa dessas? Achei que era tarefa grande demais pra mim. Tento só ajudar quem me cerca e acredito que isso pode gerar uma onda, seo Stédile. Uma vergonha, uma vergonha.

Mas eu vou mudar seo Stédile, o senhor pode apostar. Vou mudar e me inspirar no senhor. Vou ignorar a lei totalmente e botar pra quebrar. Não importa se eu estiver prejudicando um monte de gente sem perceber. Não importa se eu simplesmente ignorar que as coisas são interligadas, que se eu quebro aqui prejudicando uma empresa, eu prejudico seus funcionários, seu fornecedores, os fornecedores dos fornecedores, o país. Sabe seo Stédile, não vou me importar mais em ser íntegro e me preocupar com o próximo. Se eu achar que a causa é justa ou se eu tiver um ideologia que eu ache correta, foda-se a opinião do meu próximo, vou botar pra quebrar. Vou parar de ter vergonha, seo Stédile, o senhor vai ver. Daí que sabe eu ganho um patrocínio, vou pra Brasília quando bem entender e vou aparecer na tv, mesmo que seja pra falar bobagem.

08/03/2006

Mulheres. Se vendesse na feira, eu só ia na hora da xêpa!*

Basta com os gritos de que mulher "é um bicho doido" ou "ninguém entende o que passa na cabeça delas". Meu amigo, se está lendo isso saiba: Mulher é uma certeza na vida de um homem, quase tão certa quanto a morte (que sempre é precedida pelo pronome “A”, logo também é uma mulher).

A elas somos impostos desde o nascimento pois, mesmo que seja "a puta", somos filhos de uma delas. E a elas caminhamos... (já falei d’A morte, né?)

Portanto, qualquer melindre, muxoxo ou berrinho escandaloso, não passa de uma tremenda veadagem ou manha de moleque que não quer admitir que precisamos delas. E não apenas no sentido de ter uma existência plausível ou um fim honroso. Precisamos delas pra nos enlouquecer, nos irritar, nos fazer chorar, nos fazer berrar, nos fazer gozar. Elas são a essência das nossas vidas patéticas.

Ou você acha que rala de trabalhar prum chefe desgramento pra que? Pra ter dinheiro, sucesso e/ou status o suficiente pra sua mulher.

Você acorda todos os dias pra que? Pra encontrar a mulher da sua vida, seja ela a que está porvir, a esposa, a amante.

Você pode até bater no peito e falar: "Mulher pra mim é coxinha de bar. Uma em cada boteco, uma em cada bairro". Pobre alma. Ainda acha que tem o controle. Esse controle nós perdemos desde que existimos como espécie. Elas é que controlam. E nós adoramos isso.

O que motiva as nossas conversas de bar? Nossos momentos masculinos onde mulheres não entram? Nossas conversas de bar são exatamente como o sexo idealizado por elas. Longas preliminares (futebol, política ou qualquer outra coisa assim) e um desfecho glorioso: Falar de mulher. E é irônico que nós odiamos as preliminares e gostamos de ir direto ao ponto. E nessa analogia o ponto é final: MULHER.

Sim, sim, eu conheço a piada: Mulher tem seu dia porque os outros 364 são dos homens. E são mesmo, são os nossos dias de pensar em vocês, deixar vocês nos enlouquecerem, tentar entender a cabeça de vocês, que não é entendível. Mas tenham a certeza, nós amamos todas vocês e, se possível fosse, queríamos todas vocês só pra nós (no meu caso, só pra mim). :-)

* Porque do título estranho? Bem, hora da xêpa é a hora na feira onde todos os preços caem, onde os melhores negócios são feitos e onde é mais fácil comprar por um valor menor, ou seja, sem tanto trabalho :-)

Este post faz parte de um esforço conjunto de homenagens ao Dia Internacional da Mulher feito pelo blog Sindrome de Estocolmo. Nele vocês poderão ver uma lista de todos os blogs participantes e ler os posts em homenagem a este dia. Claro que também encontrarão um bando de marmanjos que, como eu, estão fazendo um agradinho pra tentar se dar bem :-)

07/03/2006

O gato preto cruzou a estrada.

Fato: Tenho duas gatas, moro numa casa (não apartamento) e a porta da cozinha fica aberta direto, pra que as mesmas tenham acesso ao quintal e a caixa de areia tb conhecida como banheiro de gatos. A ração e água de ambas fica dentro da cozinha.

Consequência: Gatos de rua vem se deleitar com a refeição grátis.

Partindo do conceito que as premissas acima são a mais pura descrição da realidade, começemos.

Desde que minhas gatas passaram a viver comigo, diversos gatos aventureiros desse mundão de meu deus resolveram desfrutar de refeições gratuitas na minha casa. Quando falo de refeições gratuitas, digo um bom naco de Proplan mega-ultra-fucking-boa (e cara), porque as gatas são castradas.

Isso nunca foi um problema: Gatos são animais territorialistas e eu berro alto. Todos os aventureiros sempre foram devidamente expulsos para nunca mais, ou pela Ingrid (que é o cão chupando manga de ruim) ou por mim.

Até que ele surgiu.

Ele é um gato preto, grande, corinthiano e maloqueiro (falta um dia ele miar "graças a deus") e, principalmente, FOLGADO. O filho de uma puta não tem medo nenhum: Entra na minha cozinha como se a casa fosse dele, ele pagasse o aluguel a água e a luz. Nunca teve medo da Ingrid e já saíram arranca-rabos homéricos entre os dois. Toda vez que berrei com ele ou corri atrás ele foi embora caminhando, como demonstrando: "Tou indo porque tou com vontade...". Todas as minhas tentativas de expulsá-lo foram infrutíferas, desde a ameaça com a vassoura até o meu chinelo que foi parar no telhado da vizinha.

Isso esgotou minha paciência. Não por alimentar o pobre animal com uma raçãozinha que custa 50 mangos por semana. Mas principalmente pelas surras que a Ingrid tem tomado. No final do ano passado resolví tomar uma atitude drástica: Comprei uma pistola de pressão (aquelas de chumbinho).

*PAUSA PRAS MULHERES E VIADINHOS DO GREENPEACE*

1) Pistolas de pressão não matam gatos. São muito mais fracas que as espingardas e uso chumbo de frente chata, que não perfura.

2) Eles apenas dóem um pouco, como pude comprovar atirando no meu próprio pé por engano (não matam burros tb)

3) Nem pomba eles matam. Quando atirei em uma de uma distância razoável pra calibrar a mira ela voou ao longe, deixando pra trás apenas algumas penas.

* FIM DA PAUSA *

Então lá fui eu em dezembro comprar a bendita pistola e tentar terminar com essa história de uma vez por todas. Gastei uma fortuna na tal pistola, chumbos, alvos pra treinar a mira, um pára-balas pra treinar na sala. Essas coisas básicas que alguém com instinto assassino mas sem a menor intimidade precisa pra se atualizar.

Munido do meu arsenal de destruição em massa descobri uma coisa chocante: O gato é mais inteligente que eu. O filho-de-uma-puta-rampeira simplesmente SUMIU! Parou de dar o ar da graça. Escafedeu-se. Tornou infrutíferas todas as noites de tocaia na janela do meu quarto (i am a stone. put some ice in your mouth, i am a stone...)

Um amigo drogado que fuma LSD veio com idéias mirabolantes como deixar salmão no quintal pra atrair o bichano dos infernos. (Idiota, já tenho duas gatas, por um pedaço de peixe elas mesmas matariam o gato preto)

No meio da sua badtrip ele gargalhava vendo a graça em sua própria sugestão "Aêio, o gato não vem mas você pode matar o urso" :-/

Passados meses, mas precisamente esta noite, ele aparece. Quatro horas da manhã mais precisamente. Alerta-me de sua presença quebrando o pau dentro da minha cozinha.

Sonado, mais dormindo do que acordado, vou à gaveta do criado mudo pegar a minha pistola. No escuro mesmo que era para não atrapalhar a tocaia. Prendo meu dedo na porra da gaveta e detono ele inteiro. Mas o ódio me movia, já não via mais nada. Armei a pistola, municiei usando a trava pra não acerta o próprio pé (de novo). Abri a janela com vagar. Achei a posição ideal e aguardei. Depois de sua lauta refeição o filho-de-uma-quenga-de-uma-gata-vira-lata saiu com sua calma de sempre. Pulou sobre o muro e ficou na posição ideal. Uns 7 metros de distância de mim, parado, feliz. Fiz a mira com o maior cuidado e precisão que a escuridão da noite permitia, destravei a pistola, ajustei de forma precisa mirando diretamente na bunda do animal safado e disparei...

ERREI. A chance de uma vida e eu errei. Uma pistola de pressão demora aproximadamente uns 15 segundos pra ser re-armada, não teria outro tiro. Eu havia desperdiçado a chance. O gato virou-se, olhou pra mim e balançou a cabeça em sinal de reprovação com um quê de pena em seu olhar e caminhou, dono do bairro, pra longe da minha existência. Preciso ensiná-lo a não brigar mais com as irmãzinhas e levá-lo pra castrar. Vou adotar o filho-de-uma-puta. Sei quando sou vencido...

Observações Importantes:

1) Esse blog não incentiva a violência contra os animais. Violência não é uma coisa boa.
2) Nenhuma animal foi morto ou ferido na produção deste post. Aliás, os únicos animais atingidos foram um burro (eu) e uma pomba, que como disse, saiu voando e cantando "bye, bye, so long, very well*" o que demonstra que ela estava bem e tem um péssimo gosto musical.
3) Vendo um pistola de pressão com pouco uso e em ótimo estado de conservação.

* Guilherme Arantes, "Adeus..."

06/03/2006

Turn Around, Bright Eyes.*

E então foi fóda. Começou com um stress com o filho de uma puta do dono do bar que o companheirismo do Júlio ajudou a arrefecer. Camiseta e livro fódas (veado, não precisava)

Antes, bilhões de ligações (tá bom, foi uma meia-dúzia) de felicitações, só de gente fóda e querida.

Depois chega a mãe do meu garoto com facas ( \o/, veada, só perdoei porque são facas \o/ ) e outro presente a tira colo [;-)], Juju tb foi. Lulu tb foi. Mariana tb foi (falei duas vezes, estou ficando repetitivo). Um hobbit tb foi. Dois caras que eu não conhecia tb foram e eles eram legais. Depois, até o Papai Noel marcou presença. Se preferir pode chamar de Coelhinho da Páscoa ou Ricardo Silveira. Os três tem a mania de aparecer só uma vez por ano e dessa vez foi no meu dia. \o/

Só isso pra dizer. Felicidade, resumida na presença de pessoas queridas, papo agradável, risadas, descontração. Tou virando um velho emotivo...

Carona fóda e muitas risadas. Ressaca e sorriso nos lábios. Um final de semana memorável.

* hehehehehehehehe, mais uma interna. Não entendeu, Amaury?

03/03/2006

O insustentável peso da idade.

Se vc leu o título e acha que vai ler um post "muro das lamentações" tá muito enganado.

Fato: Amanhã faço 35 anos de idade.
Consequência: Nenhuma.

Quem me conhece sabe que sou desapegado a datas, comemorações, motivos, dinheiro, conceitos, certezas, fé e a lista continua ad infinitum. Porém seria humanamente impossível ser desapegado a considerações e reflexões.

Sem dúvida aniversário é a data correta para reflexões, por ser impositiva. Revéillon tradicionalmente é A data onde todos refletem tudo o que passou no ano e projetam suas metas para o ano que chega. Bobagem: É apenas histeria coletiva. Aniversário não. É o momento mais singular na vida de qualquer um porque é uma das duas únicas datas genuinamente egoístas e solitárias. É VOCÊ que está ficando mais velho. É uma data quase tão egoísta como o dia da morte. O nascimento ainda tem a desculpa de (tentar) ser compartilhado com os pais, apesar de que a única existencia que realmente começa é a do ser que nasce. Aos pais resta o choro, a fome e a merda.

O dia morte, essa é a data verdadeiramente solitária. É a prova de que a solidão não pode ser enganada. Vc tem é que aprender a viver com ela.

E o aniversário? Bem, aniversário tem fases. No começo é algo que vc não entende. Vc é apenas a atração principal no picadeiro dos pais. Depois, é onde você come doces e as tias chatas apertam suas bochechas e você ganha presentes. Depois é a farra com os amigos, a expectativa pela maioridade, o medo de ser pego no exército, a chegada do vestibular, a carta de motorista.

Passa mais um tempo e é uma data ok, só isso, ok. E finalmente, algo que vc comemora como uma surpresa, um ticket pra passar mais um tempinho por aqui, depois fim.

Estou na fase do ok. Bem, se formos analisar direitinho, nem passei por todas as fases porque sou "torto" desde o nascimento. Tive uma ou duas pretensas festas na infância, não fiz muitas farras com os amigos, comecei a trabalhar muito cedo, não fiquei ansioso com o exército, com a maioridade, com o vestibular e muito menos com a tardia (26) carteira de motorista.

Mas só depois dos 30 é que realmente comecei a refletir sobre os anos que passam e os anos que vem. Tempo é apenas uma convenção mas a matemática é cruel. Se a expectativa de vida é de 70 anos, bem meus amigos, cheguei nos 50% (se não levarmos em conta os anos dedicados ao álcool, ao tabaco, ao sedentarismo e a má alimentação, claro, senão já tou nos 90% e olhe lá.)

E o que tenho pra falar dos 35 anos? Chegou rápido, muito rápido. As vezes não consigo enxergar a diferença no "jovem" de 25 pro "senhor" de 35. Pelas bobas convenções que carrego (sim, não sou perfeito) aos 35 eu deveria ser um respeitável senhor, com família, filhos e o escambau alado de quatro e, não, não o sou. Sou, salvas as devidas proporções, o mesmo que sempre fui e, acho, sempre serei.

Estou mais maduro, mais ponderado, mas não deixei de ser o louco e o libertário.

Sou mais feliz, sou mais humano. Minhas idéias e minhas impressões são mais concisas.

Meu amigos são todos, transito por diversas "tribos" e por diversos tipos de pessoa, sabendo enxergar o que cada uma tem de melhor. Estou mais sábio, pois aprendí a ver que os defeitos também são qualidades.

Amanhã comemorarei mais um ano. Mania nova essa de comemorar. Mas estarei cercado de pessoas queridas e de alegria. Parabéns pra mim!

PS: Pra variar o texto ficou totalmente sem nexo.
PS2: Não falei o que pretendia falar.
PS3: O final ficou uma merda.
PS4: Foda-se. Viva eu, viva o mundo... ;-)