30/08/2006

O segundo parto do Andrade.

Foi como uma epifania. Depois de escorregar numa mancha de óleo na rua, descendo do ônibus e entalar na boca de lobo pela cintura, Andrade viu tudo.

Saindo com a ajuda dos braços, todo sujo de óleo, água e limo, ele percebeu que naquele exato momento ele havia nascido de novo. Não, não foi algo como uma experiência de quase morte. Nem risco de quebrar uma perna ele teve. Foi uma reedição do seu parto. Saiu do útero dos esgotos para uma nova vida. Afinal, aos 54 anos, funcionário público xinfrim, uma família tediosa e normal, uma casa tediosa e normal, num bairro tedioso e normal, com um salário tedioso e normal e uma vida tediosa e normal, sem sonhos, apenas algo como aquele incidente poderia colocá-lo a pensar.

Onde teria ido parar o Andrade adolescente, jovem, cheio de planos, sonhos, paixão? Aliás, seu nome era Jorge, Jorginho nos bons tempos, Gegê na boca das paixões juvenis. Em que momento ele havia se perdido? Aquele era seu segundo parto e ele não permitiria que essa segunda vida se perdesse como perdeu a primeira, no meio do caminho. Queria novamente o gosto da aventura de viver.

Entrou numa loja da Hering que ficava a duas quadras do ponto onde nascera de novo. Chamou uma atendente:

"Queria ver uma camiseta", disse ele.

"Ok senhor, qual o tamanho?", retrucou a atendente.

"GG, mas dessa vez, uma REGATA!"

...

"Mocinha. E que seja AZUL, nada de branca, AZUL!"

29/08/2006

Passos

.. ou Esquizofrenia em doses homeopáticas, parte coloca o número que vc quiser aqui...

Ele caminhava por uma avenida plana. Desde que perdera os pés tinha uma certa dificuldade pegar subidas.

Não usava uma prótese daquelas que imitam os pés, com sapatos e tudo. Ao contrário pareciam mais pernas de pau, com pontas finas. Os passos ficavam mais curtos. Sabia que tinha cometido um erro no dia que forçou o "acidente" para que lhe amputassem as pernas. A medida certa seria acima dos joelhos. Um erro de cálculo lhe fez perder apenas os pés. Perder? Não, aquilo já era algum ganho. Talvez não o ganho integral com o qual sonhara, mas um ganho por ter conseguido seu intento. Nenhum médico tinha atendido seu pedido: "Corta ó. Corta as duas mais ou menos aqui no meio das coxas".

Bando de idiotas. Jamais entenderam o suplício que aquelas pernas longas lhe causavam. Não lhe era suportável a idéia de que, pra ir de um lugar ao outro ele tinha que perder aproximadamente um metro a cada passo. Um metro de chão, de vida, que ele pulava como se não existisse. Não, cada passo era uma lacuna na sua existência e ele não conseguia conceber a idéia de deixar uma vida de lacunas atrás de sí. Ele tinha que tocar cada momento da vida, cada centímetro do chão. Suas pernas eram longas demais.

Ele seguia caminhando, passo a passo mal dado, meio desequilibrado. Mas já tinha dado um passo pra remover suas lacunas futuras. Nem se importava tanto em não conseguir mais subir ladeiras, apesar dessa dualidade lhe consumir tanto quanto as lacunas. Porque no seu sonho, além de uma vida sem lacunas ele queria chegar ao topo da montanha. Não aquele topo imbecil dos alpinistas que se fodem na subida por 15 minutos de contemplação antes de se foderem na descida. Não aquele topo de alpinistas sociais que sempre encontram um topo acima do que atingiram e não dão mais valor àquele em que estão. Ele queria o topo, onde sem andar, saberia que estaria acima de todos os centímetros do mundo e que teria abaixo de sí todas as lacunas, mas ao mesmo tempo nenhuma delas mais, pois as lacunas vistas de cima deixam de ser lacunas e passam a ser pequenas porções de decisões. Afinal, quando vc se joga de cabeça, desta altura, pode decidir sobre qual quer cair.

28/08/2006

Diarinho nojento

Nunca lembro se é bulimia ou anorexia aquele lance de vomitar. Bom, seja qual for, se vc NÃO quiser, pare de ler aqui!

Continuou. Pegue um belo balde e divirta-se.

Eles invadiram minha casa ontem. Não, não foram literalmente ELES cara, porque ELES não invadem, ELES estão aí por toda a parte cara, ELES sabem quem você é, ELES sabem o que vc tá pensando cara, vc não pode dormir, se eu parar de falar vou ficar louco, ELES estão atrás de você, tá, parei. Na realidade foram eles mesmo, e não foi nem tão assim uma invasão, atenderam um convite. Churrasco na laje pra variar.

Foi um final de semana até que passável e legal, visto que EU não tou nem um pouco passável e nem um pouco legal. Mas quem tem amigos como esses não consegue ficar muito tempo na merda. Na sexta carinho extraordinário, no sábado saí pra fazer minhas próprias "merdas" e cuidar de mim, no domingo casa cheia de risadas e besteiras.

Até deu pra esboçar um sorrisos amarelos e umas risadas francas. Post de agradecimento é um lixo mesmo. Mas estaria bem mais difícil sem vocês.

Sempre que a gente pensa que chegou no auge da "escolaridade" da vida alguma coisa acontece pra tentar te provar que o caminho não é exatamente esse. Não existe essa porra de "escolaridade". As coisas acontecem, vc reage a elas e fim. Agradeço ainda ter a capacidade de sentir. Pensei que não tinha mais isso. Concordo com a Alê que os dramas dá vida é que dão sentido a ela. Tá bom, ela nunca disse essas palavras, mas deixou isso bem claro. É óbvio que não pretendo chegar ao nível de insanidade dela, mas sentir de vez em quanto um tanto de alegria, um tanto de tristeza, desde que seja de forma incontrolável é o que motiva o acordar todos os dias. Hoje não tou com a alegria, estou com a tristeza, mas mesmo assim feliz de saber que ainda tenho capacidade de sentir.

Letra de música é, sempre foi, e sempre será um lixo, mas sabe como é. As coisas por aqui são cíclicas e agradeço isso, sempre. De bom, apenas mais uma grande frase de efeito: "Se todas elas fossem infláveis, a vida seria MUITO mais fácil..."

Tristeza
(Bete Carvalho)

"Tristeza, por favor vá embora,
Minha alma que chora, está vendo meu fim.
Fez do meu coração a sua moradia,
Chora demais o meu penar,
Quero voltar àquela vida de alegria,
Quero de novo cantar..."

É mais ou menos por aí. Não sei se cantar é exatamente o termo. Mas eu queria de novo...

/modo muro das lamentações: OFF

25/08/2006

Que lixo!

Salva as devidas proporções, é o que anda no repeat do som do carro...

Your Time Is Gonna Come
Led Zeppelin (Jones/Page)

Lyin', cheatin', hurtin, that's all you seem to do.
Messin' around with every guy in town,
Puttin' me down for thinkin' of someone new.
Always the same, playin' your game,
Drive me insane, trouble is gonna come to you,
One of these days and it won't be long,
You'll look for me but baby, I'll be gone.
This is all I gotta say to you woman:

*Your Time Is Gonna Come X4

Made up my mind to break you this time,
Won't be so fine, it's my turn to cry.
Do want you want, I won't take the brunt.
It's fadin' away, can't feel you anymore.
Don't care what you say 'cause I'm goin' away to stay,
Gonna make you pay for that great big hole in my heart.
People talkin' all around,
Watch out woman, no longer
Is the joke gonna be on my heart.
You been bad to me woman,
But it's coming back home to you.

* Chorus

Tradução muito da tosca e com erros crassos aqui!

24/08/2006

Caminhos e Sentidos...

Pessoas me torram o saco. Gente me torra o saco. Dúvidas dos outros praticamente carbonizam o meu saco. Mas não é sempre não...

Como vcs podem ver, estamos de volta a programação normal, seja lá que porra isso queira dizer. Mas tudo isso pra dizer que as pessoas me enchem o saco com perguntas do tipo "Qual o sentido da vida?" ou "Qual a essência da felicidade?". Bah, pra mim é simples: Me esqueçam. Mas como sou um cara muito bem humorado disposto a dar esmola para os idiotas minha contribuição de conhecimento para todos, vou tentar responder algumas dúvidas.

Quer saber qual o sentido da vida? Simples, é exatamente aquele que a tua viseira não te permite ver. Sim, te chamei de burro. As pessoas procuram um sentido olhando exatamente pra frente ou exatamente pra trás, igual um burro de viseiras. Não percebem que as vezes o sentido tá ao lado, ou acima, ou abaixo. Entendeu? Não? Ótimo, só comprovou minha tese. Gente é idiota. O sentido da vida é que ela não tem sentido, é o que é.

Essência da felicidade? Simples, essência não existe e felicidade também não. A felicidade é uma coisa tão falsa quanto um Papai Noel inventado pra vender coca-cola.

Mudando o tom mau humorado e mau educado, outra pergunta que me fizeram foi "valeu a pena?"

Eu respondí de bate-pronto: NÃO. E agora, apesar de explicações não fazerem mais o menor sentido, mesmo assim acho interessante dizer os meus porquês, nem que seja pra mim mesmo.

Valer a pena na minha concepção distorcida das coisas acontece quando algo que vc queira muito acontece e tem um final feliz. Uma viagem, um passeio, um curso. Eles começam, demandam um certo esforço e no final acabam bem. Não consigo fazer contabilidade da vida, somar débitos e créditos, checar o saldo final e caso seja positivo, dizer que algo valeu a pena. Não, não valeu a pena.

Foi MUITO bom. Tão bom que jamais conseguiria traduzir em palavras. Porém não valeu a pena. Lembram alí em cima onde disse que a felicidade não existe? Já leram aqui nessa merda de blog que felicidade são momentos bons? Tudo bobagem. Hoje percebo que o mais próximo que existe de felicidade é o prenúncio, a perspectiva.

Como o beijo que é o prenúncio do sexo. A transa, com seus suores, gemidos e saliva, que são o prenúncio do gozo. O gozo, explosão, que é o prenúncio do abraço. O abraço que é o prenúncio do aconchego, que é o prenúncio das risadas e da preguiça. Ou o carinho que é o prenúncio do sorriso, que é o prenúncio do brilho no olhar, que é o prenúncio da alegria, da paz, da explosão do querer bem.

Não, não existe felicidade sem os prenúncios. E hoje eu não os tenho mais. Amanhã não sei.

Quebrando o clima, o orkutáculo zoando grandão:

Sorte de hoje:
Há uma carta ou mensagem alegre chegando para você
Vc só pode estar de brincadeira....

19/08/2006

Sobre o controle.

Ódio!

17/08/2006

Filosofia Gratuita

Os idiotas são maioria. A única e verdadeira sabedoria é saber quais deles você é obrigado a ouvir.

Uatafóc fazendo sua vida mais fácil...

Um salto na escuridão.

...ou, porque eu não consigo escrever mais.

Antes de mais nada vamos partir da premissa que o que eu faço aqui no Uatafóc a mais de quatro anos é escrever, ok? Finjam que estou certo.

Se formos analisar com calma, nesses quatro anos metade do tempo eu não escreví porra nenhum. Veja bem, estou falando *porra nenhuma*, não *porra nenhuma que preste*. Um timeline perfeito da minha vida. Quando parava de escrever, tava felizinho. Quando voltava com tudo, tava puto da vida que, aliás, é o meu estado normal de consciência.

Agora estou aqui na frente dessa merda de notebook, abrindo e fechando textos como um doido e azucrinando o Júlio. Aparentemente ando felizinho demais da conta. Mas que caralhos, o que acontece comigo quando estou felizinho que não consigo escrever? Auto-crítica demais? Dependência extrema de mal-humor?

Pensei, pensei, fui ao banheiro, pensei mais um pouco, dormí (aleluia) e pensei. E pronto. Cheguei a uma conclusão perfeita: Meus neurotransmissores me odeiam!

Não existe outra explicação que se encaixe tão perfeitamente. Vamos aos fatos:

. O estado depressivo, aliado ao tédio e crises de humor são normalmente relacionados a falta ou deficiência na captação ou recaptação da serotonina.
. O estado de excitação dispara noradrenalina e serotonina
. Ansiedade é um banho de adrenalina
. Uma boa trepada? Dopamina em cascatas.
. Exercícios? Vida mais ativa? Endorfina.

Pronto, tá feita a revolução. A revolução das inas. Essas filhas de uma puta começam a fazer uma rave na minha cabeça, tocando música ruim e não me deixando dormir. Daí pra eu travar e passar a vida babando e não conseguir escrever bosta nenhuma que preste, um passo.

Viram, viram? A culpa é das inas. Quer saber porque o Uatafóc vai ficar desatualizado de hoje em diante por um tempo indeterminado? Pergunte pra INA.

16/08/2006

Orkutáculo ataca de novo

Sorte de hoje:
Você é o charme e a cordialidade em pessoa

HAHAHAHAhhskidodhsolkdhgwqo['pefrhg'hqaódfojkgnn'qaerolgflnb

*morre

Sonhos? Desejos? versão 2.0

Leu o post abaixo? Nojento de tão doce né? Então vou respirar fundo e escrever a versão 2.0, sem mimimimi, Uatafóc Style, e tentar manter minha sanidade

Acordo às 11:30 da manhã, atrasado para o trabalho. Foda-se. Dormí mais de 12 horas a custa de 30mg de Valium, mas dormí como um anjo. Chego no trabalho e estão pipocando buchas de todos os lados. Nesse dia perfeito, ao invés de me preocupar, mando todo mundo a merda. E eles vão...

A Gabi tá namorando. Logo não me liga enchendo o saco pra sair todo santo dia. Só de vingança EU ligo pra ela! A Lilian finalmente passou na prova da OAB. Não aguentava mais os mimimi, afinal ela é uma tremenda CDF. Júlio arrumou quem comer. Eric arrumou um emprego decente. Finalmente tenho alguma paz.

A bicha do Théo finalmente fez uma merda de layout pra bosta do Uatafóc. E eu apaguei só de sacanagem.

O Lula morreu. E o Stédile tá preso no fundo de um poço, como naquelas histórias que viram filme. A diferença é que ninguém está se preocupando de tirá-lo de lá.

Está chegando o dia de tirar minhas férias vencidas. 17 anos acumulados, algo como 1 ano e meio sem trabalhar. Remunerado.

Meu colesterol baixou apesar das quantidades inumanas de porco que venho comendo. Afinal não existe vida digna sem carne de porco. Os muçulmanos e judeus passam a comer porco e o oriente médio vive em paz.

Alê Felix se recupera bem do pequeno acidente. Caiu e mordeu a ponta da língua. Além de 15 dias sem falar ela vai ficar com uma língua normal. Não terei mais pesadelos.

Deus aparece na porta da minha casa. Veio dizer que queria provar a sua existência pra mim. E diz que se rende.

Camus ressucita só pra dizer que eu tinha razão. E os enfermeiros aqui do manicômio são todos gente boa...

...e o pior é que ainda preferí a primeira versão. ódio, ódio...

Sonhos? Desejos?

O dia de trabalho correu de forma até que satisfatória. Nenhum funcionário fez nenhuma cagada homérica pra eu limpar e todos me ligam apenas pra informar as soluções brilhantes que deram para os problemas que aconteceram ao longo do dia. Mais do que isso, ainda contribuiram pra resolver meus próprios problemas.

Trabalhei o dia inteiro no escritório de SP, que fica a 15 minutos de casa. E não peguei nenhum trânsito pra chegar em casa pontualmente as 18:00 hrs. Ninguém da Blogagi me ligou desesperadamente pra dizer que eu tava fazendo cú doce por não querer sair em plena terça-feira. Até meu ódio por todos eles arrefeceu a ponto de se tornar algo parecido com carinho.

Tomo um bom banho gelado, coloco uma roupa confortável a tempo de "uma certa encrenca" chegar em casa. Faço um jantar pra nós. O canard confit não fica ressecado, o molho de framboesas fica perfeito, nem muito apimentado nem muito doce. O Borgonha está perfeito. Jantamos sem as gatas ficarem insistindo em subir na mesa e vamos assistir um filme no meu DVD que não emperrou nenhuma vez.

Lá pelas 23:30 o sono começa a aparecer e vamos dormir. Não fico "fritando" na cama e não passo calor. Durmo e acordo as 7:00 sem o despertador. Um "bom dia" todo especial, café da manhã sem pressa, banho. Deixo a "certa encrenca" em casa e vou trabalhar. Não tenho nenhum prazo a cumprir pelos próximos 6 meses...

PS1: Este texto é um plágio (ou moda, ou um arroubo de inspiração chupada) da Gabi, da Lilian e do Júlio. Mais do que isso, é a prova contundente de que se eu dormir tudo será melhor.
PS2: Sim, estou feliz ultimamente, mas desta vez não vou fazer um UataFAQ.
PS3: Eu tenho nojo de mim mesmo. Não sei porque ainda insisto em escrever aqui no Uatafóc. Sei muito bem que não vai sair nada que preste por esses "tempos" :-P.

11/08/2006

Orkutáculo, uma surpresa por dia.

Sorte de hoje:
Você e sua mulher terão uma vida feliz

Excelente!



Post novo? De verdade? Daqueles de ler e tal? Vá reclamar com a dona inspiração...

07/08/2006

Síntese de um relacionamento perfeito.

Depois de mais de 20 anos de relacionamentos, nos quais tomei muito na cabeça e distribuí minhas bordoadas por aí, creio que tenho alguma bagagem pra acreditar que sei os principais pontos que arruinam um relacionamento. Tenho pra mim que não quero errar das mesmas formas. Execro a burrice, principalmente a minha. Quero fazer diferente, aliás preciso. E o diferente pra mim, hoje, é o natural.

Pra começar, fundamental é abolir os "tens". Trocá-los pelos naturais "queros". Pode parecer uma bobagem tremenda, mas acredito piamente que ninguém "tem que" fazer ou ser nada. A felicidade está nos "quero" fazer ou ser. Se eu não me prendo aos meus "teres" que direito eu tenho de exigir que alguém "tenha". Não, não é o caminho. Eu quero alguém que simplesmente "queira".

Falei alí em cima que "a felicidade está". Mais um ponto. Quem me conhece sabe que não acredito na "felicidade". Essa tal de felicidade é o maior trunfo pra gerar o seu oposto, a infelicidade, que aliás também não existe. O óbvio ululante é que a vida é feita de bons e maus momentos. Momentos de alegria, momentos de intimidade, momentos de tristeza, momentos de solidão. O que quero do meu relacionamento perfeito e tentar e querer, a toda hora, transformar os momentos em bons e respeitar os ruins. Tristeza se apóia, solidão se compartilha. Alegria e intimidade te completam.

Meu relacionamento perfeito tem colo, ombro e bronca. Pros dois lados. De preferencia mais colo e ombro que broncas. Mas as vezes as broncas são carinhos. E os ouvidos tem que estar abertos, não só para as broncas, mas pros choros, chamegos, coisas gostosas e merdas sem tamanho. Um língua quando der é bem vinda, porque a minha também vai procurar.

Meu relacionamento perfeito tem boca, língua, suor e gemidos. Tem gozo, falta de ar e um tesão incontrolável mas também tem abraços inocentes, aqueles de chamego e conforto e apoio, sabe? Tem velar o sono e fazer um cafuné. E nunca por obrigação.

Meu relacionamento perfeito tem amizade. Não porque todo mundo diz que é bonito ou porque um idiota falou uma vez que a amizade tem que vir em primeiro lugar ou ser o centro de uma relação estável. Tem amizado por causa de um bem querer genuino.

Meu relacionamento perfeito tem cuidado. Não aquele cuidado ridículo de boneca de porcelana ou jóia rara. Mas aquele cuidado que a gente tem com gente e com bicho. Cuidado de querer o melhor. Já me disseram que é o cuidado que se tem com filho, de querer o melhor e proteger, mas saber abrir a porta e deixar sair sozinho. Isso eu não sei. Um dia talvez eu saiba, talvez não. Mas meu relacionamento perfeito tem cuidado sim.

Meu relacionamento perfeito tem respeito. E isso eu não vou traduzir nem explicar. Tem também sorrisos, mas não suporto os amarelos. Então vou ganhar os brilhantes por merecimento e não espere os amarelos que eu sou grosso pra cacete.

O que o meu relacionamento perfeito não tem é pressão. Física básica. Se a pressão existe, mais cedo ou mais tarde explode. E vc se machuca. Não, pressão e cobrança não existe. No máximo o peso de um corpo sobre o outro. Essa pressão eu quero. Vc quer?