30/10/2006

Palavras, Provocações e Onomatopéias

Não acreditava no poder das palavras. Elas eram fúteis e inócuas pra expressar o que lhe ia na cabeça. Acreditava mais no poder dos espaços e pontuação. Afinal, eram neles que moravam suas provocações. Achava ridículo o termo "entrelinhas". Uma provocação pode morar entre duas palavras, tinha certeza. As onomatopéias eram substitutas perfeitas de frases inteiras, quando bem colocadas entre vírgulas, exclamações e alguns espaços. Talvez uma reticência aqui, uma interrogação alí, algumas vezes até em pares com exclamações.

As torrentes de palavras que obtinha em resposta a um simples "hãhã" bem colocado, seguido das indefectíveis reticências suscitavam discursos prolongados que deglutia com prazer, por estarem cheios de pontos, vírgulas e muitas, muitas interrogações.

Até o momento em que as provocações pararam de surtir efeito e, ao invés dos ecos prolongados em palavras, foram substituídos por uma sequência absurda de exclamações e pontos, que não eram finais, mas faziam surgir uma nova categoria, os pontos iniciais.

Tentou em vão usar onomatopéias até que o som que lhe chegou aos ouvidos provou que não existem onomatopéias o bastante pra descrevê-los. Não, não tinha mais sentido.

Tentou optar por palavras, rever os seus paradigmas, porém se viu de frente com um longo texto feito apenas de espaços em branco. Uma história a ser escrita com sorrisos e sussurros. Não cabia mais em papel...

20/10/2006

Tratado sobre o sexo. Parte I

Antes que alguma engraçadinho já saia comentando o porque de eu colocar o "Parte I" se eu não vou acabar essa merda como não acabei nenhum dos outros tratados, já fica aqui um "vá se foder". Afinal, já que falaremos sobre sexo nada mais natural que eu deseje isso até aos desafetos.

Bom, o objetivo primário deste tratato é esclarecer todos os detalhes deste assunto tão complexo e ao mesmo tempo tão simples a todas as pessoas que não tem a menor idéia de como se comportar perante uma relação sexual. Ou seja, a todo mundo tirando eu, claro.

Aos caras que lêem essa pocilga: Meus caros, finalmente vcs deixarão de ser uns coxinhas quando, e se, conseguirem alguma mulher na vida.

As meninas: Espero que com a leitura deste tratado vcs saibam que as coisas podem ser diferente, exijam mudanças que permitam que vcs atinjam o ápice do prazer e, principalmente, saibam que eu existo e não sou uma lenda ;-)

Vamos começar do princípio:

Objetivos do sexo e da relação sexual

Bom, o objetivo primeiro do sexo na vida humana é extremamente simples. Sobrevivência. Não, não estou falando da perpetuação da espécie. Sexo é tão necessário à vida quanto oxigênio. Ninguém sobrevive sem. Quem diz que sobrevive sim mente. No máximo é um zumbí com um péssimo humor e totalmente desinteressante. Algumas pessoas dizem que também faz bem à pele, coisa que não creio, visto que a minha é um cú com pregas e faço muito mais sexo do que ela, né mesmo Gabi?

Quanto aos objetivos da relação sexual em sí, se vc respondeu rapidamente gozar ganhou o prêmio de ejaculação precoce com uma resposta precipitada. Ok, ela tem algum fundamento, visto que a grosso modo o objetivo é este mesmo. Porém, se o objetivo fosse apenas esse uma boa punheta também deveria ser considerada uma relação sexual e, convenhamos, se vc acredita MESMO nisso, você é um zumbí com um péssimo humor e totalmente desinteressante. Como assim não sabe o que é punheta? Tem dúvidas? Veja o vídeo abaixo:



Voltando. O objetivo da relação sexual deve ser obrigatoriamente DIVERSÃO! Gozar é consequência. 90% dos problemas sexuais que as pessoas enfrentam são justamente por esquecer essa premissa básica e simples, diversão. Tá bom, se vc é o otário que vai comentar: "Porra, eu sou é macho, quero mais é meter dentro, dar umas duas bombas e gozar", pare de ler agora cara. Elas riem de vc. E vc não aproveita 1/1.000 do que poderia. Vamos retornar ao tempo que éramos todos jovens adolescentes punheteiros. Ok, ok, muita gente aqui ainda é jovem adolescente punheteiro. Ok, ok, muita gente aqui nem é tão jovem assim, muito menos adolescente, mas ainda sim punheteiro. Convenhamos, se vcs estão lendo essa porra vcs não tem vida sexual e estão tentando aprender alguma coisa. Pois bem, quem já viveu essa situação e num dado momento se acabou de malhar com uma garota, a noite inteira na esfregação porém não comeu e, chegando em casa bateu aquela punheta inesquecível SABE que o orgasmo atingido é incomparável, principalmente se a comparação for com aquela punheta básica e burocrática do dia a dia.

Entenderam? Se não sabem do que estou falando, conseguem pelo menos abstrair o conceito? Ok, transportemos isso agora pra relação sexual. Ela pode ser equivalente a punheta depois do malho ou a punheta burocrática. A única coisa que diferencia uma da outra é o objetivo. Se divertir ou gozar.

Observações Importantes:

1) Todo que é dito aqui para o leitor hominho pode ser facilmente traduzido pra leitora mulezinha, não me torrem.
2) Existem excessões à regra, caso contrário não seria uma regra, então não me torrem o saco. Sei das rapidinhas emocionantes e outras coisas que vcs nem imaginam que existam, mas serão (ou não) abordadas em capítulos futuros.

Por hoje é só. Continua em outra oportunidade (ou não)

19/10/2006

Orkutáculo Maroto

Sorte de hoje:
A sorte vem ao seu encontro

Vamos combinar. Se ela vem ao meu encontro deve estar a 800km/h. Dentro de um jato Legacy. E eu estou no Boeing...

Tinha escrito um post meio á lá UataFAQ, mas ficou tão bizonho que nem veio pra cá. O que importa pra vcs saberem é que estou bem. Mentira, tou nada, mas isso não tem a menor importância. Ou não...

Os pequenos prazeres do mistério ainda me animam...

10/10/2006

Sonho de Ameba

Dizia pra todo mundo que era Deus. Não apenas dizia, acreditava. Acreditar é pouco, era uma questão de certeza. Deus ou demônio. Aliás, demônio não. O próprio Diabo. Era os dois. E ao mesmo tempo.

Também tinha certeza de não ser nada, apesar de ser tudo ao mesmo tempo. Lia tudo, em livros, papéis, telas e pessoas. Sabia de tudo.

Sabia a ponto de não achar mais graça de muita coisa. Surpresas? Inexistiam. Conhecia minuciosamente os meandros de todos os assuntos, fossem técnicos, pessoais, amorosos, idiotas. Sabia como todas as coisas foram feitas, como tudo ao seu redor funcionava, pior, sabia como todas as coisas que ainda nem existiam seriam feitas e funcionariam. Desde o corpo de todas as criaturas até as máquinas que estas inventariam. Desde o galho usado pelos macacos pra pegar os cupins em suas tocas até as telas que projetam suas imagens em 3 dimensões para fora.

Conseguia prever o clima com exatidão. Sabia qual o impacto que todas as alterações na biosfera causaria. Inclusive de alterações que ainda não foram nem concebidas. Os desastres naturais não eram surpresa. Nem os não naturais. Os movimentos políticos, as revoluções, o comportamento da humanidade como um organismo foi previsto e constatado, e sabia aonde tudo ia dar no final.

Apenas isso, essa certeza absoluta. Mas por mais que dissesse, ninguém acreditava. Por mais argumentos que usasse, era ridicularizado. Talvez nem milagres, se fosse capaz de fazê-los funcionariam. Mas mesmo assim, apesar de não atribuirem nem consciência, tinha a certeza de que a inconsciência funcionava assim. Outro dia quase acordou no meio do sonho. Agradeçeu por não ter acordado, afinal, caso acordasse tudo desapareceria e, apesar da descrença, gostava da realidade que sonhava. Afinal caso acordasse, teria que constatar a solidão de ser o primeiro ser unicelular da bolinha azul, sem perceber ainda que uma simples divisão acabaria com a solidão. E essa mesma divisão possibilitaria, quem sabe, em milhões de anos, que toda essa realidade alternativa que ele sonhava se tornasse a realidade real. E eles pensariam que existiria um Deus, sem saber que esse deus simplesmente apareceu por acaso no meio da sopa primordial de proteínas e aminoácidos e a única coisa que fez foi talvez sonhar. Sonhar antes de se dividir pra um dia, depois de muito tempo, se somar novamente.