Sobre amizades, amores perdidos e esperança...
Acho que não sei amar. Amo, amo intensamente, mas não sei o que. Nem me amo tanto assim. Aliás, acho que a pessoa que menos amo sou eu. E não sei amar.
Sei me apaixonar. Sei falar horas sobre amor e sentimentos, mas não sei sentí-los.
Vivo de intensidades que eu mesmo crio, paixões vazias que torno arrebatadoras, amizades perfeitas que ignoro. Não fui feito pra conviver. Fui feito pra observar...
E é assim que eu sigo, observando. Vendo a vida passar num filme, onde posso ser crítico de jornal barato. Emitir minha opinião prás paredes, que esquecerão de tudo na próxima página.
Quero alguém, quero pessoas. Quero entrar de cabeça em tudo. Amizades, inimizades, ódios e amores. Só não sei o caminho. Não sei levantar da minha poltrona de crítico e pular de cabeça dentro da tela. Tenho medo da luz do projetor. Prefiro ficar aqui no meu cantinho escuro e confortável, reclamando da pipoca fria e do refrigerante quente. Questionando o talento dos atores, a previsibilidade da trama, as falhas dos diálogos e a fotografia péssima.
Preciso mudar de cinema. Preciso encontrar um roteiro. Preciso aceitar um diretor. Preciso viver num set. Preciso aceitar meu par romântico. Preciso deixar minha marca em filme.