18/02/2008

Tabu

Hoje pela manhã ví no jornal o vídeo do "acidente" na Castelo Branco onde, segundo o próprio jornal mostrava a imprudência de um motorista ao transitar pela contramão durante 4 kilômetros antes de se chocar de frente com uma carreta e morrer instantâneamente.

A imagem não me sai da cabeça desde o momento em que ví. O grito hipócrita da narração do jornal também. É muito raro vermos um suicídio tão claramente retratado. Assim como é semi-impossível vermos alguém falar claramente essa palavra, suicídio.

Porra, o cara se matou, simples assim. Foi um idiota, fato. Não por ter se matado mas por colocar em risco a vida de tanta gente que não tinha nada a ver com ele ao agir daquela forma. Por sorte o veículo que serviu de arma foi uma carreta e o motorista saiu intacto do "acidente".

Tirando esse aspecto triste, eu tenho uma curiosidade quase irracional sobre isso. Não consigo parar de pensar quanto tempo ele ficou no acostamento pensando. No que ele pensou. Qual foi o momento em que ele se decidiu a acabar com tudo. Depois a volta com o carro e dirigir por uma pista, sem desviar. Os outros carros desviando apesar dele continuar em frente. O que passava pela cabeça dele? E quando viu o caminhão e acelerou. O que ia por dentro dele?

Se quiserem chamar o cara de louco, sintam-se à vontade, exceto na caixa de comentários, por favor. Eu, particularmente, sempre achei o suicídio uma coisa aceitável e normal. Não suporto quem não consegue conceber a idéia e prontamente aponta o dedo chamando de louco ou de problemático quem recorre a ele. Problemas? Sim, sim, claro. Covardia? De forma alguma. Irresponsabilidade neste caso em especial? Sem dúvida.

Agora, o que ia na cabeça dele realmente sempre vai me deixar curioso. Se matar com uma bala, imediato, ok! Se matar pulando de uma ponte quando, depois de se lançar, não tem mais volta, mesmo que se arrependa? Ok! Veneno, medicamentos? ok! Jogar o carro em cima de um poste, pilastra, etc, etc, um movimento brusco e desesperado de momento? Ok! Agora dirigir durante 4 km, algo como uns 3 ou 4 minutos se ele estivesse a uns 100km/h, isso me encafifa bastante.

Algo que já conversei e pesquisei. Se "acidentes" de trânsito com vítimas fatais pudessem ser catalogados com entrevistas com os motoristas (defuntos) o índice de suicídio (que nunca é divulgado) iria para as alturas.