03/03/2006

O insustentável peso da idade.

Se vc leu o título e acha que vai ler um post "muro das lamentações" tá muito enganado.

Fato: Amanhã faço 35 anos de idade.
Consequência: Nenhuma.

Quem me conhece sabe que sou desapegado a datas, comemorações, motivos, dinheiro, conceitos, certezas, fé e a lista continua ad infinitum. Porém seria humanamente impossível ser desapegado a considerações e reflexões.

Sem dúvida aniversário é a data correta para reflexões, por ser impositiva. Revéillon tradicionalmente é A data onde todos refletem tudo o que passou no ano e projetam suas metas para o ano que chega. Bobagem: É apenas histeria coletiva. Aniversário não. É o momento mais singular na vida de qualquer um porque é uma das duas únicas datas genuinamente egoístas e solitárias. É VOCÊ que está ficando mais velho. É uma data quase tão egoísta como o dia da morte. O nascimento ainda tem a desculpa de (tentar) ser compartilhado com os pais, apesar de que a única existencia que realmente começa é a do ser que nasce. Aos pais resta o choro, a fome e a merda.

O dia morte, essa é a data verdadeiramente solitária. É a prova de que a solidão não pode ser enganada. Vc tem é que aprender a viver com ela.

E o aniversário? Bem, aniversário tem fases. No começo é algo que vc não entende. Vc é apenas a atração principal no picadeiro dos pais. Depois, é onde você come doces e as tias chatas apertam suas bochechas e você ganha presentes. Depois é a farra com os amigos, a expectativa pela maioridade, o medo de ser pego no exército, a chegada do vestibular, a carta de motorista.

Passa mais um tempo e é uma data ok, só isso, ok. E finalmente, algo que vc comemora como uma surpresa, um ticket pra passar mais um tempinho por aqui, depois fim.

Estou na fase do ok. Bem, se formos analisar direitinho, nem passei por todas as fases porque sou "torto" desde o nascimento. Tive uma ou duas pretensas festas na infância, não fiz muitas farras com os amigos, comecei a trabalhar muito cedo, não fiquei ansioso com o exército, com a maioridade, com o vestibular e muito menos com a tardia (26) carteira de motorista.

Mas só depois dos 30 é que realmente comecei a refletir sobre os anos que passam e os anos que vem. Tempo é apenas uma convenção mas a matemática é cruel. Se a expectativa de vida é de 70 anos, bem meus amigos, cheguei nos 50% (se não levarmos em conta os anos dedicados ao álcool, ao tabaco, ao sedentarismo e a má alimentação, claro, senão já tou nos 90% e olhe lá.)

E o que tenho pra falar dos 35 anos? Chegou rápido, muito rápido. As vezes não consigo enxergar a diferença no "jovem" de 25 pro "senhor" de 35. Pelas bobas convenções que carrego (sim, não sou perfeito) aos 35 eu deveria ser um respeitável senhor, com família, filhos e o escambau alado de quatro e, não, não o sou. Sou, salvas as devidas proporções, o mesmo que sempre fui e, acho, sempre serei.

Estou mais maduro, mais ponderado, mas não deixei de ser o louco e o libertário.

Sou mais feliz, sou mais humano. Minhas idéias e minhas impressões são mais concisas.

Meu amigos são todos, transito por diversas "tribos" e por diversos tipos de pessoa, sabendo enxergar o que cada uma tem de melhor. Estou mais sábio, pois aprendí a ver que os defeitos também são qualidades.

Amanhã comemorarei mais um ano. Mania nova essa de comemorar. Mas estarei cercado de pessoas queridas e de alegria. Parabéns pra mim!

PS: Pra variar o texto ficou totalmente sem nexo.
PS2: Não falei o que pretendia falar.
PS3: O final ficou uma merda.
PS4: Foda-se. Viva eu, viva o mundo... ;-)