30/03/2006

Tratado sobre o trabalho -Parte I

Vou discorrer hoje sobre outra certeza da vida, o trabalho. Se você é um ser humano normal, crescidinho e não é uma daquelas excessões, que confirmam a regra, que vive de renda, herança ou da fortuna do papai, você trabalha.

Ah o trabalho, suar para conquistar o pão. O trabalho é a coisa mais anti-natural que a humanidade já inventou. Quando éramos nada mais do animais bípedes e com um cérebro um pouquinho mais avantajado que as outras espécies o trabalho nada mais era do que encher a barriga. Caçava-se um mamute aqui, procurava-se umas frutinhas alí, mandava o rango pra dentro e o resto do tempo era dedicado ao ócio criativo, pintando uma paredinha de caverna, dando um arrocho numa pitchula que deu mole, dormindo, perpetuando a espécie.

Tudo andava bem até que um maldito catou um pedaço de osso, um pouquinho de cipó, umas pedrinhas coloridas, fez um colar, deu pruma pitchula mais arredia e pronto, estava inventado o dinheiro. As outras pitchulas ficaram morrendo de inveja daquela coisa linda, que valorizava o colo, "deixava os ombros enormes parecendo delicados, combinava exatamente com os olhos, deixava o percoço longo e delicado como o da Audrey Hepburn" (sorry Gabs, precisava plagiar). Pronto, as pitchas cruzaram as pernas e o maior divertimento dos momentos de ócio acabara. Todas queriam um bagulho daqueles.

Logo, todos os caras tentaram fazer bagulhos iguais e descobriram que nem todos tinham o talento necessário pra fazer as bagaças ficarem do gosto das madamas. Pediram pros que tinham talento mas os caras não davam conta de fazer pra todo mundo e os que não tinham talento tiveram que começar a fazer favores, trazer um pernil de mamute, cestas de frutas pra "comprar" os badulaques.

Como pitchula boa não se contenta com pouco, dar um bagulho apenas uma vez não fazia as pernas descruzarem de vez. Era preciso um fornecimento continuo de baboseiras e, logo, os caras estavam o dia inteiro caçando, pescando e coletando só pra poder arrumar os troços e trocá-los por uma bimbadinha esperta à noite.

E as pitchulas que não eram, digamos, cobiçadas, mas que tinham inveja das posses das outras pitchulas tb começaram a ralar pra poder adquirir os balangandãs.

Pronto, assim começou o inferno!

Continua...