04/01/2007

Peter who?

Se vc não gosta de considerações filosóficas feche o Uatafóc agora. Se vc gosta, feche também. Aliás, feche agora essa droga, não perca seu tempo, vá viver um pouco.

Esse post é uma auto-consideração, mas com certeza serve pra vc tb. Se vc não fechou o navegador como mandei alí em cima com certeza você tem problemas e vou falar um pouco disso, acho. Sempre tive uma certa atração por duas peças infantis, "Pedro e o Lobo" e "Peter Pan". Não, não tenho um fetiche secreto por homens chamados Pedro. Aliás, nem gosto desse nome. Um nome tão estúpido como Fabio ou Cláudio.

Mas voltemos. Sempre gostei do tema implícito nestas duas peças. Pedro e o Lobo é uma obra-prima, tanto no mote, quanto na música (sim, é musicada). Não vou me aprofundar muito nela, fica apenas uma dica, se vc ainda não leu e/ou viu, procure se informar, vale e MUITO a pena.

Já p tema Peter Pan é meio batido. Nomeia até mesmo uma tal síndrome, ou pelo menos finge nomear. Não sei ao certo o quanto isso é sério visto que a profusão de livros de auto-ajuda nomeando e criando doenças inexistente abunda e, literalmente, este deveria ser o destino de todas. Desde o uso útil porém desconfortável como papel higiênico até como uma volta às origens de seu escritor, porém por uma via mais proctológica.

Porém, por mais batido que o tema seja, ele sempre volta e incomoda porque mexe com um dos aspectos mais escondidos da pisquê humana. O tempo e por consequência a própria morte. Sentido da vida e por aí vai.

Nunca fui um completo apaixonado pela história. Nem era minha preferida quando criança (perdia de longe pra Pedro e o Lobo). Não me emocionei com "A Volta do Capitão Gancho" no cinema, apesar do filme ser bom dado o desconto do sentimentlóidismo holiwoodiano (corre pra registrar o termo). Não, a história do eterno menino internalizado em cada homem maduro é uma balela besta, chata, boba, cocô, xixi e hipócrita. Porém, nestes poucos dias de descanso que tive agora nas festas (rá) tive a oportunidade de assistir "Em busca da terra do nunca". Não assistiu? ASSISTA!

Antes de dormir um pensamento horrível tomou conta da minha cabeça e, com certeza, 100% inspirado por esse filme maldito que teve o displante de quase me arrancar lágrimas. E ele de certa forma vai na contra-mão do pensamento original suscitado pela história de Peter Pan. Não o eterno menino dentro de cada um de nós mas, exatamento o oposto. O que fizemos com esse tal de menino.

Nos dias de hoje (talvez nos de sempre, não sei dizer) não fazemos questão de não crescer. Procuramos desesperadamento o oposto. Crescer antes do tempo. Corremos pra isso de forma desesperada tentando ser maduros, cultos, inteligentes, bem sucedidos. E, no final dessa nossa história deixamos de ser um menino sem sombra pra sermos apenas uma sombra. Sombrios, escuros, precisando desesperadamente de qualquer nesga de luz pra nos fazermos notar, morrendo na escuridão completa porque não conseguimos nos distinguir dela em nenhum aspecto. Babacas, todos nós. E não, não venha me dizer que basta acreditar...