Adeus
Desculpa a demora em dizer adeus beibe. Acho que até agora não estava pronto pra isso. Não sei se são aquelas fases da aceitação que eu nunca consigo decorar, a tal da negação, raiva, etc, etc, ou simplesmente porque eu não conseguia colocar um ponto final.
Ainda não deletei teus contatos do msn, nem apaguei teu número do celular. Coisa de doido, principalmente pra alguém que sempre se disse racional como eu. Pura balela, puro teatrinho.
Agora no comecinho da noite, enquanto fazia o jantar, me sentí pronto, achei que te devia isso. Porque eu sei que você não existe mais, existem apenas algumas ótimas memórias, algumas delas inventadas pela minha imaginação fértil e sonhadora, outras tantas marcadas na carne e no coração. Sim, você não existe mais.
Queria tanto não ter sido tão educado e tão preocupado em não incomodar. Meter o pé na porta como tantas vezes eu disse que ia fazer e te fiz gargalhar com isso. Talvez eu devesse ter metido o pé na porta mesmo. Talvez isso não fosse mudar nada, agora não importa mais.
Pode ser que você tenha pedido socorro ou ajuda, esperando que eu metesse o pé na porta. Acredito que isso seja mais uma das milhares de ilusões da minha cabeça, talvez não, agora isso não importa mais.
Queria que você tivesse me dado ouvidos, mesmo sabendo que as palavras de ninguém iam fazer a menor diferença. Muito menos as minhas. É beibe, é essa ilusão que a gente tem de que podemos fazer a diferença. Eu SEI que não faria nenhuma porque palavras são apenas palavras pra um coração desassossegado. Elas não tem sentido nem razão. E isso não importa mais.
Queria poder te mostrar que as coisas poderiam ser diferentes. Mas elas nunca serão.
Queria se um pouquinho mais parecido com as pessoas que você admirava. Eu sei que você me admirava em diversos aspectos, talvez nos mais importantes, apesar deles não serem alguns aspectos que você achava fundamental. Muitos mau entendidos ficaram pelo caminho, pela tua incapacidade de me ouvir e pela minha incapacidade de falar. Mas isso não importa mais.
Gostaria de te ter por perto, porque você me fazia querer ser um cara melhor, todos os dias, em aspectos que eu nunca dei valor, apesar de serem importantes. Você, mesmo distante, me fazia almejar algo a mais. Agora não sei, só dou de ombros. Mas não é culpa sua, esse sou eu. Você era um motivo e agora não existe mais. Talvez outro apareça, talvez não, eu não espero.
Queria sentir raiva de você, mas nunca consegui. Eu sei que você se lembraria e daria uma risadinha marota lembrando disso. E não vai ser agora que vou sentir raiva. As coisas poderiam ser diferentes, melhores. Mas não serão, e nada disso importa mais.
Por isso beibe, vim deixar nesse lugar abandonado o meu adeus, dessa vez pra valer. Saiba que vou te amar pra sempre pelo que você foi e pelo que você fez comigo e sempre vou sorrir quando tirar você de alguma gaveta dessa minha cabeça velha e confusa.
Adeus.