A bomba de pedra
O coração é o órgão central da circulação, localizado na caixa toráxica, levemente inclinado para esquerda e para baixo (mediastino médio), sendo constituído por uma massa contráctil,o miocárdio, revestido interiormente por uma membrana fina, o endocárdio, é envolvido por um saco fibro-seroso, o pericárdio.
Ele procurou em todos os lugares possíveis esse estado mutante do órgão, que de tal massa contráctil se convertesse em seu estado mais natural, de pedra, de gelo, inerte. Não encontrou, ele nunca encontrava. A própria procura em si normalmente não era tão importante assim, bastava virar a página mental e o assunto deixava de ser atraente, apesar daquela dúvida em forma de mosca continuar insistir em zunir na página anterior.
Coração Humano vista posterior
O coração é constituído por duas porções: a metade direita ou coração direito, onde circula o sangue venoso e a metade esquerda, onde circula sangue arterial. Cada uma destas metades do coração é constituída por duas cavidades, uma superior - o átrio - e uma inferior - o ventrículo. Estas cavidades comunicam entre si pelos orifícios auriculo-ventriculares. Os dois Átrios encontram-se separadas pelo septo interauricular e os dois ventrículos pelo septo interventricular.
Apenas duas partes. Ele voltava na sua busca por conta da mosca, maldita mosca que insistia em zunir, pra descobrir que todos os conceitos não se aplicavam. Afinal, quando a bomba não era de pedra, curiosamente aí é que normalmente ela se partia, em pedaços incontáveis. Isso era estranho, pensava ele. Afinal, nada se parte melhor do que pedra, vidro, gelo. E era quando a matéria da qual ele era feita mais se assemelhava a algo quente, pulsante, mole é que ele realmente se estilhaçava, sim, esse era o termo, se estilhaçava com mais facilidade.
Na cavidade atrioventricular esquerda encontra-se a valva mitral, e no orifício trioventricular direito a valva tricúspede (são valvas que se abrem em direção ao ventrículo e se fecham para evitar o refluxo do sangue). A circulação sanguínea é assegurada pelo batimento cardíaco, ou seja, o batimento do coração, que lança o sangue nas artérias. O coração é um órgão musculoso que, no Homem, tem o tamanho aproximado de um punho.
Tamanho. Como estabelecer o tamanho de algo que por vezes parece ter a capacidade de abraçar a tudo e a todos pra logo no momento seguinte ter o tamanho de uma singularidade onde não cabe nem a sua própria definição.
Não, ele nunca ia encontrar a resposta. Entre a frieza cotidiana, confortável mas infeliz, e a amplitude quente que ele por vezes almejava apesar de temer, jamais ele teria uma explicação. Mas só o fato de tentar encontrar alguma já demonstrava que talvez um certo aquecimento estivesse acontecendo, uma alquimia estranha estivesse querendo começar a transforma pedra em maciez, frio em calor, ansiedade em desejo. Medo? Sim, ele tinha, apesar de saber que a característica mais perpétua era a capacidade que aquele enigma que ele carregava dentro do peito tinha de se reconstruir a partir de incontáveis pedaços em uma única unidade pronta pra ser destroçada, de novo e de novo.
Talvez, mas apenas talvez, essa fosse a definição correta. Um meio Sísifo as avessas que eternamente se reconstruiria a partir de seus pedaços somente pra se estilhaçar novamente. Eternamente enquanto durasse...