28/09/2006

Coelho ao Borgonha

A vaca da Gabi me passou a incumbência de fazer parte de uma corrente idiota de escrever 6 coisas sobre mim e escolher mais seis otários pra fazerem o mesmo sob pena de aparecer um coelho gigante com um tiro na cara igual ao do Donnie Darko em casa. Não sei quem é Donnie Darko e se um coelho gigante com um tiro na cara aparecer um casa, faço com ele a receita que vem no final deste post e me divirto MUITO.
Mas como a Gabi anda carente e desempregada e eu ando bonzinho, vamos escrever a bagaça assim mesmo.

1. Fui uma criança tímida, introspectiva, calada. Ficava vermelho só de ter que falar com qualquer pessoa. Era quieto a extremos e preferia brincar sozinho a ter que socializar com outras crianças. Tb fui um adolescente assim. Acredito que até hoje eu seja muito introspectivo e tímido. Mas num determinado momento da vida peguei um asco tão grande por gente que abandonei essa faceta. Hoje falo o que precisar falar na cara dos outros sem me importar mais. Mas se tiver que verdadeiramente abrir meu coração pra alguém que tenha conquistado meu respeito, a timidez reaparece do nada. Odeio quando me vêem como sou realmente e alcançam minha intimidade. Esses são os únicos momentos que sou vulnerável.

2. Não tenho medo de praticamente nada. Não tenho medo da morte, não tenho medo da fome. Tenho algum medo de ratos. Mas tenho verdadeiro pânico de ficar incapacitado fisicamente, de depender dos outros, de ter um filho com alguma deficiência incapacitante ou de não dar conta das necessidades de quem dependa de mim.

3. Meu sonho profissional foi fazer Química. Desde a tenra idade escolar sonhava em ser Químico um dia. Escolhí meu colégio pelo curso técnico de química que ele tinha. Quase fiquei de DP no primeiro ano básico de exatas, em química. Preenchí a folha opcional para especialização em química. Corrí até a diretoria, arrumei um escândalo, resgatei minha ficha opcional e mudei pra processamento de dados. Tenho medo de imaginar o que teria sido da minha vida se tivesse feito química.

4. Consigo passar dias sem pronunciar uma palavra. Não tenho necessidade absoluta de conversar com ninguém pra viver. Aprecio o silêncio. Acredito que o mundo seria bem melhor se todos seguissem a máxima de que "Se não tem nada relevante a acrescentar, cale-se". Porém adoro conversar com meus amigos inteligentes. Sim, isso é um paradoxo.

5. Sou um doce de pessoa apesar dessa fama de mau. Sou bom, acredito nas pessoas, não creio que as pessoas sejam filhas da puta porque querem ser. Acho que todos são bons. Sempre espero atitudes corretas dos outros. Creio na empatia universal. Acho que tudo sempre vai dar certo pras pessoas queridas. Não acredito que ninguém vá me sacanear. Sou um otário e só me fodo. SEMPRE.

6. Sou um gênio. Com certeza a pessoa mais inteligente que vc já conheceu na vida. E não dou bola pra isso. Consigo enxergar o âmago das pessoas, mas me perco nas superficialidades e nas atitudes. Sou capaz de me anular pelas necessidades de um amigo ou de um amor. Amo muito, intensamente. Quando digo "eu te amo" NUNCA é da boca pra fora. Se algum dia tivesse utilizado todo o meu potencial pra fazer dinheiro, carreira e sucesso ninguém me seguraria. Mas nunca dei a menor bola pra dinheiro, carreira ou sucesso. Sou um viciado em afeto.

Como otários pra escrever essa bagaça em seus blogs vou elencar uns pobres coitados que eu leio e estimo muito. Alguns deles vão dançar, visto que já escreveram e terão que escrever de novo. A primeira a ter que escrever essa porra de novo é a dona Gabi, porém lá na Blogagi, dizendo, na visão dela, 6 coisas sobre a Blogagi que ninguém sabe.

O segundo é o nosso caro Júlio. Ninguém manda ter trocentos blogs. Ele vai escrever seis coisas sobre ele no estilo Zoei Grandão, visto que aquela bagaça precisa de atualização.

A terceira vítima é o King of Fools. Lá do Vida Besta. Temos um histórico de correntes. Como assim vc nunca leu o Vida Besta. Leia, o cara manda bem pra caramba.

Como sei que ela odeia isso tanto quanto eu, Ana Carlota tb vai ter que escrever. Senão nunca mais falo com ela. Também gostaria de uma versão de macho sobre o assunto, logo vai sobrar pro Daygo. Por último, dona Dionea, favor realizar minha vontade, senão não empresto mais aquele livro.

Coelho ao Borgonha.

1 coelho gigante com tiro na cara igual ao do Donnie Darko, cortado em pedaços.
Marine o coelho por 24 horas em geladeira, temperado com sal grosso, pimenta do reino em grãos quebrados, duas folhas de louro, 4 dentes de alho esmagados com casca, 3 cravos da índia e uma garrafa de um bom vinho da Borgonha e um cálice de cognac.

Depois de 24 horas, seque muito bem os pedaços do coelho gigante com tiro na cara igual ao do Donnie Darko, passe levemente em farinha de trigo, tirando qualquer excesso. Numa caçarola grande coloque azeite e quando estiver bem quente doure os pedaços do coelho gigante com tiro na cara igual ao do Donnie Darko junto com cubos de presunto cozido. Quando estiver bem dourado flambe com cognac, tire da panela e reserve. Na mesma panela acrescente uma cenoura bem picada e um talo de salsão bem picado tb, junto com os dentes de alho que marinaram no vinho. Refogue bem e faça um deglacê com uma concha de caldo de carne. Volte o coelho e o presunto pra panela e acrescente o vinho da marinada. Tampe e cozinhe em fogo baixo por aproximadamente uma hora. Depois de uma hora aumenta o fogo e reduza o molho até um ponto de calda grossa. Em outra panela faça uma farofa com farinha de rosca caseira, alho, azeite e presunto parma. Jogue essa farofa no coelho gigante com tiro na cara igual ao do Donnie Darko ainda em fogo alto misturando grosseiramente pra engrossar e secar o molho de vinho. Sirva imediatamente.

25/09/2006

Nunca mais...

Essas palavras saiam da boca dele cotidianamente.Mas, diferente de todas as outras pessaos sua retidão o impedia de voltar atrás. Ele nunca mais voltara àquele restaurante onde fora mal atendido, nunca mais bebera depois daquela ressaca, nunca mais ligara depois da resposta atravessada, nunca mais suspirara depois da facada nas costas.

As pessoas chegavam até a temer seus "nunca mais", sabiam que não teria uma volta. O apelido de corvo caiu como uma luva.

Até que ela apareceu. Ele falava "vamos", ela dizia "sim" e eles ficavam. Ele falava "fiquemos", ela dizia "sim" e eles iam. Ela falava "não" e sim, ele continuava, porque ela não o deixava parar.

Até que um dia ele cansou e disse "nunca mais". Ela disse ok, lhe deu um beijo e perguntou: "Me pega amanhã?"

Ele perguntou: "Que horas..."

18/09/2006

Quem sou eu.

Esse testículo eu escreví numa comunidade do orkut, atiçado pela Alê Félix. Gostei, trouxe pra cá. Mesmo porque vai ser meio difícil voltar pra cá por uns tempos. Talvez quando eu voltar a achar algum prazer em qualquer tipo de coisa. Por hora não. Por hora é engolir o fél que ando regurgitando, entender a tristeza que ando sentido e encontrar algum motivo pra sair da cama de manhã. Porque nem mesmo os motivos que tinha, e não eram precisos nem entendíveis, foram embora. Mas passa, sempre passa.

"Nesse momento não sei dizer quem eu sou, posso no máximo dizer quem eu fui, até um minuto atrás. Não me lembro quando nasci e isso realmente não importa. Foi a muito tempo e isso não diz o que fui. Por um desses acasos da natureza nasci com uma cabeça boa, que me ajudou no fato de não ser criado e sim me criar. Devo ter tido bons momentos na infância mas eles não foram suficientes pra ocuparem os espaços da memória que os ruins tomaram. Não venho de família pobre. Nem rica. Nem classe média. Pulei dos três estados tantas vezes que não tenho mais definição. Mas me lembro de ter passado fome. Aos 16 anos cansei de tudo e peguei minha vida e coloquei no embaixo do sovaco porque se era pra ter dor de cabeça, que fosse pelas minhas próprias pancadas. Hoje carrego duas pessoas dentro de mim. Uma que funciona da boca pra fora, e outra que funciona do coração pra dentro. E elas brigam constantemente e tenho certeza que um dia vão se matar. Mutuamente. E eu vou junto. Vario do limão mais azedo pro açucar mais doce. Talvez por isso goste de beber. Porque quando tomo um gelo viro uma caipirinha. Até agora pouco tinha todas as certezas do mundo mas achei que elas não me serviam mais então, como sempre, joguei todas no lixo. Agora não sei mais de nada, mas sei que estou procurando certezas novas. Amanhã talvez saiba quem sou eu. Mas o mais provável é que saiba apenas quem eu fui, ou seja, quem eu sou agora."

06/09/2006

Um desocupado

Hoje de manhã, enquanto cagava e antes de vir trabalhar, nasceu na minha cabeça mais um post esquizofrenico. Eles estão aparecendo com uma certa frequência na minha cabeça. Talvez seja hora de iniciar um tratamento.

Porém, mais do que um post esquizofrênico, veio uma idéia esquizofrênica. Meus amigos sabem que as únicas coisas que escrevo e das quais me orgulho são esses posts estranho e sem nexo. E eles estão perdidos aí no meio do histórico do uatafóc. Então pensei: "Porque não organizar essa joça?"

Uma idéia na cabeça, um desocupado e o que temos? Um novo blog, claro:

Esquizofrenia em doses homeopáticas



Daí vem as perguntas: Mas porra Junior, se vc não atualiza nem essa merda do uatafóc, pra que criar outro?

Resposta: Porque eu quero e não encham o meu saco!

Na realidade nem sei se vai ser um novo blog ou apenas um repositório de textos que eu goste. É bem provável que os posts que apareçam no Uatafóc vão parar por lá. Afinal, queira eu ou não o Uatafóc é um blog diarinho dos infernos e cheio de mimimi. Então fiz um apanhado de textos que eu realmente gosto, que sigam a linha que eu mesmo designo como esquizofrenica e taquei todos eles lá. Como comemoração pela inaulguração, tem até um inédito, o "Bolhas de Sabão". A maior parte dos textos é bem recente, com excessão dos dois primeiros (ou últimos, ou os que estão lá em baixo) que são coisas dos idos de 2003/2004.

É isso, vão lá ler a bagaça toda e parem de encher o meu saco!

05/09/2006

Mimimi

Tá, sumi daqui. Primeiro uma sucessão de posts mimimi: Junior apaixonado. Depois uma sucessão de posts rasga-coração: Junior se fodeu. Depois uns posts esquizofrênicos: Junior tentando divagar pra não pensar. Apesar de que nem meus amigos entendem meus posts esquizos.

Agora, vem a penúria, nada de posts. Junior tentando sair da merda.

Não deveria mais ainda me surpreendo de como as coisas, mesmo sendo cíclicas, não perdem o ímpeto de ocorrerem novamente. Vide minha vida amorosa.

Passo longos períodos totalmente anestesiado, não sentindo porra nenhuma por ninguém. Tá, até faz parte da minha natureza não sentir nada. Anos de treino, sabe? Daí, invariavelmente a pessoa menos "provável" aparece e me tira o chão. Pronto, tá feita a merda. Eu fico FELIZ. Coisa mais cafona isso. Se o estar anestesiado é tão confortável, pra que a gente tem essa pretensão de ficar feliz?

Daí, também invariavelmente (pelo menos foi assim até agora) dá uma merda e a coisa toda descamba. Nas vezes que quem fez a merda fui eu, sem problemas. Normalmente a culpa não me atormentava, exceto claro com a Aninha, que, como diz Alê Félix, foi A mulher que me destruiu. Dois anos amargando a cagada que fiz.

Quando não sou eu que faço, a sequência dos acontecimentos (sentimentos) eu já sei de cor. Mas a grande merda é que mesmo sabendo com exatidão como as coisas vão andar, vc não tem como fugir da sequência nem das consequências. Primeiro vem aquela dor esquisita, que te impede até de pensar de forma racional nas coisas do dia a dia. Aquele lance de roubar o pensamento sabe? Dúvidas? Vá ler o CIDE 10, procure F42 e F42.0. Bem vindo ao meu mundo.

Depois que essa dor amansa um pouco vem a bosta maior, e essa demora MUITO mais tempo pra passar. É a droga do desinteresse. Do bode. Tou nessa agora. Nenhum interesse por porra nenhuma. Tenho amigos sensacionais (mesmo odiando-os profundamente). Tenho tudo o que é necessário pra preencher meu tempo de uma forma proveitosa, gostosa, satisfatória e todas essas outras merdas sem graça que vc conseguir pensar. Mas não, acabo não vendo graça nenhuma. Nem no trabalho as coisas andam 10% do que deveriam andar. Bombas estourando por todos os lados, balas zunindo e eu andando cabisbaixo e ainda perguntando: HEIN? É COMIGO?

Porque não, não é comigo não. Eu vou porque tenho que ir, até faço, porque tenho que fazer. Mas é como se não tivesse ido nem feito.

E essa merda de desinteresse, desesperança ainda dura um beeeeelo tempo. Sei a porra do script de cor. Vou lutando mais uma luta vã mesmo sabendo que ela é isso. Mas seguindo em frente, tentando me divertir, tentando tirar algo do trabalho. Ainda tenho ombro pros meus amigos, talvez isso seja mesmo o que tenho de melhor a oferecer, talvez até a única coisa.

Será que demora muito tempo pra essa porra de anestesia fazer efeito?