Quem sou eu.
Esse testículo eu escreví numa comunidade do orkut, atiçado pela Alê Félix. Gostei, trouxe pra cá. Mesmo porque vai ser meio difícil voltar pra cá por uns tempos. Talvez quando eu voltar a achar algum prazer em qualquer tipo de coisa. Por hora não. Por hora é engolir o fél que ando regurgitando, entender a tristeza que ando sentido e encontrar algum motivo pra sair da cama de manhã. Porque nem mesmo os motivos que tinha, e não eram precisos nem entendíveis, foram embora. Mas passa, sempre passa.
"Nesse momento não sei dizer quem eu sou, posso no máximo dizer quem eu fui, até um minuto atrás. Não me lembro quando nasci e isso realmente não importa. Foi a muito tempo e isso não diz o que fui. Por um desses acasos da natureza nasci com uma cabeça boa, que me ajudou no fato de não ser criado e sim me criar. Devo ter tido bons momentos na infância mas eles não foram suficientes pra ocuparem os espaços da memória que os ruins tomaram. Não venho de família pobre. Nem rica. Nem classe média. Pulei dos três estados tantas vezes que não tenho mais definição. Mas me lembro de ter passado fome. Aos 16 anos cansei de tudo e peguei minha vida e coloquei no embaixo do sovaco porque se era pra ter dor de cabeça, que fosse pelas minhas próprias pancadas. Hoje carrego duas pessoas dentro de mim. Uma que funciona da boca pra fora, e outra que funciona do coração pra dentro. E elas brigam constantemente e tenho certeza que um dia vão se matar. Mutuamente. E eu vou junto. Vario do limão mais azedo pro açucar mais doce. Talvez por isso goste de beber. Porque quando tomo um gelo viro uma caipirinha. Até agora pouco tinha todas as certezas do mundo mas achei que elas não me serviam mais então, como sempre, joguei todas no lixo. Agora não sei mais de nada, mas sei que estou procurando certezas novas. Amanhã talvez saiba quem sou eu. Mas o mais provável é que saiba apenas quem eu fui, ou seja, quem eu sou agora."